"Furioso", sindicato promete acirrar greves na Volkswagen alemã
"Furioso", sindicato promete acirrar greves na Volkswagen alemã - Ao iniciarem a segunda paralisação em um mês, sindicalistas pedem que direção da Volkswagen aceite fazer concessões, caso contrário, ameaçam uma escalada das greves "como esta empresa nunca viu".A quarta rodada de negociações entre a automobilística alemã Volkswagen e o sindicato dos trabalhadores começou nesta segunda-feira (09/12), em meio a um cenário de greves contínuas e renovadas e com poucos sinais de um acordo à vista.
Após uma queda acentuada nos lucros causada pelo aumento dos custos na Alemanha e pela concorrência do exterior, principalmente da China, a Volkswagen tenta realizar cortes abrangentes em suas despesas, o que inclui demissões, reduções salariais e até fechamentos de fábricas.
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"Precisamos de reduções de custos que possam ser implementadas no curto prazo e sejam sustentáveis", disse o principal negociador da empresa, Arne Meiswinkel. "Esta é a única maneira de permanecermos competitivos em um ambiente desafiador."
O sindicato, porém, demonstra cada vez mais irritação com o andamento das negociações. Eles entendem que os trabalhadores estão pagando o preço pela má gestão executiva e, pela segunda vez no mês, deram inicio a greves em nove fábricas na Alemanha.
"Furiosa e perplexa"
"Em vez de soluções inteligentes, eles oferecem apenas demissões em massa e cortes de empregos", afirmou Christiane Benner, presidente do sindicato IG Metall. Ela se disse "furiosa e perplexa" com as ações da Volkswagen até agora.
"Os problemas são enormes", afirmou a dezenas de milhares de trabalhadores do lado de fora da principal fábrica da VW em Wolfsburg, no norte da Alemanha. "Mas eles não podem ser resolvidos com fechamentos, demissões e cortes de salários. A culpa pela crise não é dos funcionários, mas das muitas decisões ruins tomadas pela administração."
O sindicato exige que todas as dez fábricas da Volkswagen na Alemanha permaneçam em funcionamento e que aproximadamente 130.000 funcionários da empresa recebam garantias de emprego.
Enquanto a rodada anterior de greves em 2 de dezembro durou duas horas, as paralisações desta segunda-feira duraram o dobro.
VW ameaça cortes de 10% nos salários
No final de outubro, representantes da VW informaram que os planos de gestão da empresa envolvem o fechamento de três fábricas na Alemanha - algo inédito na trajetória da empresa do país -, a supressão de dezenas de milhares de postos de trabalho e a redução em 10% dos salários de milhares de trabalhadores.
"A empresa acredita que a redução dos salários em 10% daria à Volkswagen AG os meios para fazer investimentos futuros, de modo a manter-se competitiva e, assim, salvaguardar os postos de trabalho", disse a VW, à época.
Em novembro, o IG Metall ofereceu abrir mão de aumentos salariais; uma medida que, segundo o sindicato, economizaria cerca de € 1,5 bilhão (R$ 9,6 bilhões) para a Volkswagen.
Meiswinkel, porém, disse que a oferta "ainda não era suficiente para uma solução sustentável" e a empresa continua exigindo cortes salariais de 10% em todos os níveis.
O secretário regional do IG Metall, Thorsten Gröger, pediu à gerência que demonstrasse maior disposição para fazer concessões, caso contrário, o sindicato promete uma escalada das greves "como esta empresa nunca viu antes".
Futuro incerto e desafios
A Volkswagen enfrenta um futuro incerto, confrontada com uma série de desafios à medida que o mercado global realiza a transição dos motores de combustão interna para alternativas mais ecológicas, como veículos elétricos e híbridos. Esse cenário vem causando dificuldades para a empresa, especialmente na Europa e na China.
A VW anunciou no fim de outubro que o seu lucro no terceiro trimestre, entre julho e setembro, caiu 64%, para 1,58 bilhão de euros, face aos 4,35 bilhões de euros que ganhou um ano antes.
Nos primeiros nove meses deste ano, as vendas da VW caíram 1,6% no mercado interno alemão e despencaram 10,2% na China, país que tem sido fundamental para a solidez financeira da empresa nos últimos anos.
rc (DPA, AFP)