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Refúgio russo de Assad é mistério 7 dias após fuga da Síria

15/12/2024 10h28

Refúgio russo de Assad é mistério 7 dias após fuga da Síria - Uma semana após ditador abandonar o país, não há notícias sobre sua condição e a de sua família. Kremlin se cala. Enquanto isso, Israel segue bombardeando dezenas de alvos em território sírio.Há uma semana que o presidente deposto da Síria, Bashar al-Assad, encontrou refúgio na Rússia. Desde então, não há notícias sobre sua condição e a de sua família, embora Moscou tenha mantido o mesmo sigilo no caso de outros líderes aos quais concedeu asilo.

Embora tenha sido o Kremlin que confirmou a presença de al-Assad em território russo no domingo passado, o porta-voz da presidência, Dmitry Peskov, se esquivou da questão durante toda a semana em suas coletivas de imprensa.

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Uma palavra a mais poderia colocar em risco o futuro de suas bases militares no país árabe, portanto, os altos funcionários russos também se abstiveram de criticar abertamente aqueles que mais se beneficiaram com a queda do regime: Turquia, Israel e EUA.

À espera de Putin

Diplomatas sírios e iranianos confirmaram que a família do ditador deposto está na Rússia, portanto, não há dúvidas sobre seu paradeiro. Mas eles não forneceram mais detalhes.

O filho mais velho dos Assad, Hafez, concluiu seu doutorado em uma universidade na capital russa, onde a família teria comprado vários apartamentos de luxo na chamada Moscow City, que abriga alguns dos arranha-céus mais altos da Europa, de acordo com a mídia local.

Parece que todos estão esperando que o presidente russo, Vladimir Putin, faça uma declaração sobre o assunto, até porque foi ele quem apostou em sustentar o regime, enviando tropas para o país árabe em 2015.

Putin participou de vários eventos oficiais nesta semana, mas nunca fez alusão a essa questão, o que mostra que o revés geopolítico para o Kremlin tem sido notável.

A encenação da vitória na Síria com o concerto histórico realizado em maio de 2016 nas ruínas de Palmyra, incluindo um discurso do chefe do Kremlin por videoconferência, está muito longe de acontecer.

No entanto, a espera não será longa. Ele deve abordar a questão em sua coletiva de imprensa anual em 19 de dezembro.

No caso mais recente do ucraniano Viktor Yanukovych, que Moscou resgatou em fevereiro de 2014, o Kremlin o considerou diretamente responsável pelo seu destino por ter feito ouvidos moucos aos conselhos para reprimir duramente os protestos da oposição.

"A culpa é de Assad"

A propaganda russa demonstrou claramente a mudança na maré em relação a Assad. Em poucos dias, a mídia deixou de rotular os rebeldes da Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, HTS) como "terroristas" para chamá-los pura e simplesmente de "oposição armada", com a qual Moscou já entrou em contato, de acordo com uma declaração do Ministério das Relações Exteriores russo na quinta-feira.

Tudo para não constranger o Exército russo, incapaz de lutar em duas frentes ao mesmo tempo e atolado em sua atual ofensiva no Donbass.

Assad se tornou uma figura incômoda para a Rússia, já que, assim como os líderes depostos do Iraque, da Líbia e da Ucrânia, o Kremlin não quer que se espalhe a impressão de que seu regime autoritário também tem pés de barro.

Se alguém tinha alguma dúvida, o vice-chefe do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, tratou de colocar os pontos nos is após sua viagem à China.

"A situação interna dependia da administração, do governo Assad. Infelizmente, o Exército sírio demonstrou ser incapaz, o que provavelmente é uma confirmação dos erros de cálculo cometidos durante a administração estatal", disse o ex-presidente russo.

Ele também expressou sérias dúvidas de que as futuras autoridades serão capazes de garantir a coexistência entre os diferentes grupos étnicos do país.

"No antigo modelo aplicado pelos Assad, pai e filho, (o consenso) foi alcançado por algum tempo. Não estou falando agora sobre a que custo e com que consequências", disse ele, de acordo com a agência de notícias Tass.

Página virada para sírios da Rússia

Seja como for, a grande comunidade síria na Rússia já virou a página. A embaixada em Moscou baixou a bandeira nacional na segunda-feira e hasteou a bandeira da oposição.

Grupos de sírios se reuniram em torno da embaixada nesta semana para mostrar seu apoio às novas autoridades em Damasco.

"A fuga vergonhosa e humilhante, na calada da noite e sem qualquer senso de responsabilidade nacional do chefe do sistema confirma a necessidade de mudança e desperta a esperança de um futuro melhor", disse Bashar Jaafari, embaixador sírio na Rússia e que foi representante na ONU entre 2006 e 2020.

Jaafari disse ao canal de língua árabe RT que a queda do regime em menos de duas semanas confirma sua "impopularidade e falta de apoio tanto na sociedade quanto nas fileiras das Forças Armadas".

Mais de 60 ataques israelenses na Síria em 5 horas, diz ONG

Enquanto isso, mais de 60 bombardeios israelenses atingiram instalações militares em menos de cinco horas em todo território da Síria, de acordo com informação divulgada neste sábado (15/12) pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG com sede no Reino Unido.

Uma semana após a queda de Assad, Israel continua a intensificar seus ataques aéreos no país, visando especialmente os túneis sob as montanhas que contêm depósitos de mísseis balísticos, acrescentou a ONG.

O Observatório, que tem uma extensa rede de fontes em campo, contabilizou 446 bombardeios israelenses desde a queda de Assad, no domingo passado.

A ONG relatou outros bombardeios israelenses algumas horas antes, que destruíram "um instituto científico" e "outras posições militares em Barzeh, no extremo nordeste de Damasco".

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, por sua vez, ordenou que o Exército "se prepare para permanecer" durante todo o inverno na zona de amortecimento entre Israel e a Síria no planalto das Colinas de Golã, que é em grande parte anexado por Israel.

As tropas israelenses entraram na zona de amortecimento logo após a queda de Assad. A ONU denunciou uma "violação" do acordo de retirada de 1974 entre a Síria e Israel.

md (EFE, AFP)

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