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Guerras, tarifas e imigração: como a posse de Trump pode afetar a economia global

Imagem: Rebecca Noble/Getty Images

03/01/2025 05h30

O ano de 2025 começa em meio a um cenário de pressão sobre as economias nacionais. Enquanto governos recém-eleitos assumem a gestão federal em dezenas de países, os blocos econômicos tentam contornar os desafios da inflação e das crises migratórias ocasionadas pelas guerras em diversas partes do mundo.

Nos Estados Unidos, o futuro governo do republicano Donald Trump promete pressionar acordos comerciais até então consolidados e a imprevisibilidade imposta por ele deve influenciar a economia mundial em 2025.

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Veja os principais desafios:

1. Donald Trump 2.0 começa em janeiro

A imprevisibilidade provavelmente será a força orientadora para 2025. E quase tudo isso estará nas mãos de Donald Trump, o presidente eleito da maior economia do mundo. Sua abordagem denominada "America First" alcançará muito além das fronteiras do país. Os caprichos de Trump irão remodelar a ordem global como a conhecemos.

O mundo globalizado e as guerras serão decididas em grande parte em Washington. Isso não é novidade. O que é novo é a incerteza de tudo isso e o nível de caos que pode cercar tais decisões.

Trump colocou em questão a cooperação internacional e menosprezou aliados e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Novas alianças comerciais e um Estados Unidos fechado em si mesmo podem ter consequências imprevistas. A falta de uma liderança clara dos EUA deixará brechas para países como China, Índia e Rússia preencherem as lacunas militares, políticas e econômicas.

2. Tarifas, guerras comerciais e preços mais altos

Trump defende a ampliação de barreiras tarifárias como uma maneira de punir os países por déficits comerciais. "A palavra tarifa é a palavra mais bonita do dicionário", disse ele em outubro.

Durante a campanha eleitoral de 2024, Trump ameaçou tarifas gerais de 10% a 20% sobre todos os produtos que entrarem nos EUA e até 60% sobre os produtos chineses, implementados no seu primeiro dia no cargo.

Mais recentemente, ele também citou taxar em 25% todos os produtos do México e do Canadá. O México prometeu entrar na disputa fazendo o mesmo para produtos americanos. A China deve fazer o mesmo. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, visitou Trump na Flórida para tentar evitar o desarranjo comercial.

Para empresas com cadeias de suprimento globais, o aumento das tarifas seria uma má notícia. Esses impostos prejudicariam os vizinhos dos EUA e provavelmente romperiam o Acordo Estados Unidos-México-Canadá, um tratado de livre comércio fechado durante o primeiro mandato de Trump.

Atualmente, cerca de 80% das exportações do México e mais de 75% das do Canadá vão para os EUA. Mais da metade das importações dos EUA de frutas e vegetais vêm do México. Os EUA importam madeira e milhões de barris de petróleo bruto diariamente do Canadá.

O republicano também vem ameaçando uma retirada dos EUA da OMC (Organização Mundial do Comércio), o que pode levar ao colapso do sistema de negociação comercial multilateral.

No final, os consumidores americanos seriam atingidos com preços mais altos e poderiam encontrar prateleiras vazias. Alguns afirmam que Trump está usando a ameaça de tarifas como uma ferramenta de negociação, mas tal blefe poderia levar a retaliações e rapidamente se transformar em uma guerra comercial global.

3. Imigração sob ataque ao redor do mundo

Não são apenas os produtos que poderiam encontrar barreiras. A migração global será cada vez mais recebida com barreiras literais. Líderes mundiais sentem a necessidade de mostrar que estão no controle de suas fronteiras, adotando posturas mais rígidas em relação aos imigrantes. Isso tornará o mundo menos aberto e dinâmico.

Durante a campanha eleitoral dos EUA, os republicanos prometeram "realizar a maior operação de deportação da história americana". É uma ideia que Trump adotou.

Além das deportações e de uma ação mais rigorosa na fronteira com o México, ele prometeu, em uma entrevista no início de dezembro, acabar com a cidadania automática para nascidos nos EUA.

O presidente dos EUA tem autoridade quando se trata de imigração irregular, mas a maioria de suas propostas acabaria nos tribunais. Ele também tem o poder de dificultar a imigração legal, limitando o número de refugiados ou tornando mais difícil obter vistos ou green cards.

Manter os imigrantes fora —ou enviá-los de volta para casa— teria um efeito colateral no mercado de trabalho do país, dependente desta mão de obra em diversos setores da economia.

Os EUA não estão sozinhos em sua postura contra a imigração. O mesmo é discutido na Alemanha, que enfrenta escassez de mão de obra. A União Europeia também prometeu restringir a migração irregular. Já a Itália está encampando processos contra refugiados albaneses.

4. Guerras na Ucrânia, no Oriente Médio e além

Vários conflitos armados ocorreram no mundo atualmente. Essas guerras causaram destruição e calamidades humanitárias. Elas também custam dinheiro que poderia ser gasto de maneira mais produtiva.

Trump afirma que acabará com a guerra da Rússia na Ucrânia em suas primeiras 24 horas de governo. Ele poderia reter o financiamento dos EUA que manteve o país funcionando durante os três anos desde a invasão russa. Como os EUA são o maior apoiador da Ucrânia, isso poderia pressionar o país a ir para a mesa de negociações.

A guerra de Israel contra o grupo palestino Hamas, em Gaza, se expandiu para conflitos contra o grupo extremista Hezbollah, no Líbano, e pode se tornar ainda maior em 2025. Na Ásia, a China continua a reivindicar Taiwan, que teme uma invasão iminente.

Durante décadas, a liderança dos EUA ajudou a equilibrar as escalas globais. Mas Trump coloca esse balanço em xeque. Se os EUA não ajudarem a defender seus aliados, décadas de políticas vão por água abaixo. Essa nova ordem mundial pode incentivar o Irã ou a Coreia do Norte a testar os limites de suas próprias ações militares.

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