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Quem é o líder da ultradireita que pode se tornar premiê da Áustria?

06/01/2025 16h43

Quem é o líder da ultradireita que pode se tornar premiê da Áustria? - Líder do Partido da Liberdade (FPÖ), Herbert Kickl foi incumbido de tentar formar coalizão sob seu comando. Político defende a deportação de imigrantes e se opõe às sanções contra a Rússia.O político Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade (FPÖ) desde 2021, recebeu do presidente austríaco nesta segunda-feira (06/01) a incumbência de formar um governo de coalizão na Áustria, o que pode abrir portas para o país ser governado por um ultradireitistas que se apresenta como futuro Volkskanzler, ou chanceler do povo, termo usado pelos nazistas para denominar Adolf Hitler.

Se a coalizão liderada pelo FPÖ sair do papel, Kickl será o primeiro chanceler de ultradireita a governar a Áustria desde a Segunda Guerra Mundial.

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O Partido da Liberdade foi fundado em 1956 por ex-nazistas e, ao longo das décadas, tornou-se uma força política estabelecida na Áustria. Ele liderou governos regionais e atuou como parceiro em governos nacionais, mas nunca chegou a liderar uma administração nacional.

Quem é Herbert Kickl?

Aos 56 anos, Kickl é uma figura menos carismática do que seus antecessores na liderança do partido, como Jörg Haider. Ele evita festas e competiu em triatlos estilo Ironman. "O povo" ou "a família austríaca" estão no centro de sua retórica.

Kickl subiu no partido passo a passo. Primeiro, como redator de discursos e conselheiro de seu ex-líder Jörg Haider, mais tarde como secretário-geral de seu sucessor Heinz-Christian Strache.

Graças, em grande parte, a um estilo combativo, ele ganhou poder dentro do FPÖ. Em 2010, por exemplo, chegou a se opor à ideia de rotular a organização paramilitar de Hitler, a SS, como "coletivamente culpada" pelos crimes da guerra. Hoje, o partido tenta se distanciar do nazismo.

Já durante a pandemia da covid-19, Kickl abraçou teorias da conspiração, defendeu remédios sem comprovação científica como tratamento para a doença e atacou medidas de combate à pandemia, como lockdowns e vacinação.

Ele também é conhecido por pontuar seus discursos com críticas a políticas de gênero ou de imigração. Kickl com frequência defende o uso do termo "remigração", cunhado para descrever a deportação em massa de imigrantes.

Durante a campanha eleitoral europeia de 2019, Kickl sugeriu contornar a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. "Porque ainda acredito que se aplica o princípio de que a lei deve seguir a política, e não a política seguir a lei", afirmou na ocasião.

Apesar de ter uma das menores taxas de aprovação pessoal do país, seu discurso inflamado ajudou sua legenda a conquistar um inédito primeiro lugar em eleições nacionais, em setembro, consolidando a ultradireita como a maior força política do país.

Kickl chegou a ser ministro do Interior, em 2018, quando seu partido se aliou à legenda de centro-direita ÖVP. À época, ele foi criticado por uma operação policial nas instalações da agência de inteligência doméstica, o que seus oponentes dizem ter sido uma tentativa orquestrada por ele para retirar da organização agentes leais ao ÖVP.

Quando essa coalizão desmoronou, o responsável por demitir Kickl foi o próprio Alexander van der Bellen, presidente austríaco que agora o convidou para formar um governo. Na ocasião, Kickl tornou-se o primeiro ministro na Áustria moderna a ser demitido.

Tentativa de acordo com ÖVP

Der Bellen havia inicialmente permitido que o conservador Karl Nehammer, do ÖVP, negociasse uma coalizão com os sociais-democratas e com os liberais, já que todas as siglas se recusavam a se aliar à ultradireita. Sem sucesso, Nehammer – que descreve Kickl como um teórico da conspiração e uma ameaça à segurança nacional – renunciou ao cargo no sábado.

A nova liderança do ÖVP sinalizou que agora entrará em negociações com Kickl para formar um governo, embora não haja garantia de que serão capazes de chegar a um acordo.

ÖVP e FPÖ, que concordam em questões como política de imigração e corte de impostos, tentaram governar juntos na coalizão de curta duração que colapsou em 2019, com um escândalo que envolveu o então líder do partido de ultradireita, Heinz-Christian Strache. Foi nessa ocasião que Kickl, então ministro do Interior, foi demitido do governo.

Embora tenham políticas comuns, os partidos discordam sobre a guerra na Ucrânia, por exemplo. Kickl é aliado do partido Fidesz do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, e se opõe às sanções contra a Rússia, dizendo que elas violam a neutralidade da Áustria.

Kicl também rechaça os mandatos da União Europeia em prol de uma "Fortaleza Áustríaca” que possa tirar o poder de decisão de Bruxelas. A ascensão do partido coincidiu com o aumento da raiva dos eleitores com relação à imigração e à inflação.

O Partido da Liberdade faz parte de uma aliança populista de direita encabeçada por Orbán no Parlamento Europeu. Críticos temem que Kickl, como chanceler, possa imitar o estilo de Orbán e governar a Áustria com base no exemplo húngaro.

Reação do Comitê Internacional de Auschwitz

O Comitê Internacional de Auschwitz reagiu com consternação ao mandato recebido pelo Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) para formar um governo em Viena.

Esse mandato foi dado a um partido que está "mais envolvido em pensamentos e atividades neonazistas e de extrema direita do que quase qualquer outro", disse o vice-presidente executivo da organização, Christoph Heubner, na segunda-feira.

Isso foi "particularmente difícil de aceitar para os sobreviventes do Holocausto", disse ele. "Para os sobreviventes do Holocausto, este dia marca outro clímax sombrio no caminho para o esquecimento europeu", completou,

gq/bl (AFP, Reuters, AP, ots)

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