Brasil lidera número de mortes de travestis e transexuais, aponta ONG
O Brasil, que nesta quarta-feira celebra o Dia da Visibilidade Trans, é o país onde mais ocorrem assassinatos de travestis e transexuais em todo o mundo, segundo um relatório da ONG internacional Transgender Europe.
Entre janeiro de 2008 e abril de 2013, foram 486 mortes, quatro vezes a mais que no México, segundo país com mais casos registrados.
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O relatório é baseado no número de casos reportados, o que indica que ele pode ser ainda maior e não só no Brasil, mas em todo mundo, já que países como Irã e Sudão não possuem dados disponíveis sobre este tipo de crime.
Para Keila Simpson, da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), o elevado número de mortes no país reflete a falta de uma lei que puna crimes de ódio contra travestis e homossexuais.
"A população LGBTT, principalmente travestis e transexuais, estão sendo dizimados neste país e isso só vai acabar com uma lei que puna estes assassinos", declarou Simpson à Agência Efe durante as ações para o Dia da Visibilidade Trans em Porto Alegre.
De acordo com a militante, a população LGBTT precisa denunciar a situação do Brasil nas Cortes Internacionais para pressioanr o poder público.
"A gente vai acabar fazendo isso por conta destes assassinatos absurdos que vemos acontecer toda hora e todo dia. Tínhamos um projeto de lei no Congresso Nacional e ele virou uma moeda de troca", criticou Keila ao se referir ao projeto de lei complementar 122/06, que tornaria a homofobia crime.
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O projeto foi anexado em 2013, passando a tramitar dentro das propostas de reforma do Código Penal após forte embate político dentro da comissão de direitos humanos da Câmara, então presidida pelo deputado evangélico Marco Feliciano (PSC-SP).
"A gente vive no Brasil uma ditadura moral cristã religiosa que está enterrando todos os nossos direitos", ressalta Keila.
De acordo com os dados da Antra, somente em 2013 foram 121 casos de travestis assassinados em todo o Brasil, mas o número pode ser ainda maior devido ao alto índice de subnotificação.
"Outros homossexuais já estão com a violência tão interiorizada que quando são atacados na rua sequer pensam em denunciar porque acham que isso é muito natural", aponta Keila Simpson.
De acordo com Keila, o dia 29, data em que o país celebra o Dia da Visibilidade Trans, é importante para chamar atenção para que estas pessoas denunciem os casos de violência.
"Só tendo números expressivos vamos conseguir constituir políticas públicas e talvez uma lei federal para punir estes assassinatos e essa violência", lamentou a militante.
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