Justiça da Romênia condena pela 1ª vez por crime de regime comunista
O antigo diretor de uma das prisões mais temidas do antigo regime comunista da Romênia, Alexandru Visinescu, foi condenado nesta sexta-feira (24) a 20 anos de prisão por "crimes contra a humanidade", uma sentença inédita desde que o país voltou à democracia, há 25 anos.
Visinescu, de 89 anos, que enfrenta o julgamento desde setembro, foi condenado por sua gestão da prisão de Ramnicu Sarat entre 1956 e 1963. Muitos presos políticos foram encarcerados ali em condições desumanas, e pelo menos 14 deles morreram durante sua gestão.
A procuradoria tinha solicitado uma pena de 25 anos, e a defesa tem agora dez dias para apelar.
Os detentos de Ramnicu Sarat estavam em regime de isolamento, eram proibidos de falar, eram mal alimentados e frequentemente espancados.
A procuradoria o acusou de "falta de cuidados médicos e degradação da saúde dos prisioneiros devido a má alimentação, celas gélidas, surras e punições aplicadas de maneira indiscriminada e abusiva".
Visinescu, que não acompanhou a leitura da sentença no tribunal, sempre alegou que se limitou a obedecer ordens e não mostrou sinais de arrependimento.
Os advogados da defesa argumentaram durante o julgamento que a saúde de Visinescu está muito frágil.
Em uma de suas declarações no julgamento defendeu que "as causas das mortes foram naturais" e que as punições eram aplicados seguindo os relatórios dos guardas".
Estima-se que 200 mil pessoas estiveram presas na Romênia por suas ideias políticas entre 1945 e 1989, de acordo com organizações históricas de memória romena.
Visinescu é a primeira pessoa que responde pelos crimes do regime comunista desde que o último ditador romeno, Nicolae Ceausescu, e sua mulher Elena, foram executados após um julgamento sumário na revolução de 1989, que acabou com a ditadura.
Diferentes associações romenas avaliaram de forma positiva a sentença, mas lembraram que nenhum alto cargo do regime comunista chegou a ser condenado.
"É uma vitória moral para nós", declarou à imprensa Anca Cernea, que teve o pai e o avô internados nessa prisão.
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