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EUA e Rússia pactuam conversas militares sobre bombardeios na Síria

Nas Nações Unidas

30/09/2015 20h46

Estados Unidos e Rússia decidiram nesta quarta-feira (30) promover o mais rápido possível conversas entre comandantes militares sobre os bombardeios que ambos realizam na Síria, anunciaram os responsáveis pelas pastas de Relações Exteriores dos dois países, John Kerry e Sergei Lavrov.

O acordo tem como objetivo "evitar incidentes indesejados", explicou Lavrov em declarações a jornalistas junto com o secretário de Estado americano, com quem hoje teve seu terceiro encontro nos últimos dias.

Segundo Kerry, que reiterou as "preocupações" dos EUA sobre os objetivos da intervenção russa na Síria, os contatos podem começar o mais breve possível.

"Acordamos a necessidade de ter o mais rápido possível, talvez inclusive amanhã, um debate (...) entre militares", disse o secretário de Estado dos EUA.

Para falar desse diálogo, Kerry usou um termo militar que faz referência habitualmente à coordenação de movimentos bélicos para reduzir, por exemplo, o risco de colisão entre aviões das duas partes.

O responsável das Relações Exteriores americano disse que durante seu encontro reiterou a Lavrov as "preocupações" de seu governo "sobre a natureza dos alvos" dos bombardeios russos na Síria e a "necessidade de clareza sobre eles".

"Uma coisa é atacar o Estado Islâmico. Se isso não é o que está ocorrendo, estaríamos obviamente preocupados", disse Kerry.

Desde Washington, o secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, afirmou hoje que o primeiro ataque aéreo russo na Síria parece ter ocorrido em uma região sem controle do grupo jihadista, algo que a oposição ao regime de Bashar al Assad também denunciou.

No plano político, Kerry e Lavrov disseram ter estipulado "alguns passos" que podem ser positivos para avançar rumo ao fim do conflito e que serão tema de discussões em breve.

"Temos algumas medidas muito específicas que poderiam nos levar a uma boa direção", disse o político americano, que advertiu, no entanto, que ainda há diferenças em pontos-chave.

"Todos queremos uma Síria democrática, unida, secular, que seja lar para todos os grupos étnicos e religiosos, que garanta seus direitos, mas temos algumas diferenças sobre os detalhes de como chegar até aí", disse por sua vez Lavrov.

Os dois políticos, que não aceitaram perguntas, não deram detalhes sobre esses passos estipulados.

Até agora, a principal diferença entre EUA e Rússia continua sendo qual deve ser o papel do presidente sírio, que tem o apoio de Moscou e que Washington quer fora do poder.