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Macri, o "filho favorito" da oposição argentina

David Fernández/Efe
Imagem: David Fernández/Efe

Aldana Vales

Em Buenos Aires

22/10/2015 20h48

Empresário de classe alta e fanático por futebol e pela banda Queen, o conservador Mauricio Macri se manteve afastado da esfera política durante grande parte da vida, até que assumiu a prefeitura de Buenos Aires e a transformou em seu trampolim para se candidatar à presidência da Argentina.

Líder do partido Proposta Republicana (Pro) e candidat7o da coalizão opositora Mudemos, Macri governa a capital argentina desde 2003 e está na segunda posição nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, nas quais visa um eventual segundo turno contra o candidato governista Daniel Scioli.

Com o apoio de boa parte da histórica União Cívica Radical e da centro-direita da Coalizão Cívica, Macri se tornou em 2015 o "filho favorito" da oposição argentina, que vê nele uma oportunidade para tirar o governo do kirchnerismo após 12 anos.

Nascido na cidade bonaerense de Tandil em 8 de fevereiro de 1959, o candidato deve sua fama inicial e sua fortuna ao império fundado pelo pai, o italiano Franco Macri, cujas empresas chegou a dirigir na década de 1990.

Torcedor fanático de futebol, Macri foi presidente do Boca Juniors entre 1995 e 2007, um período de ouro para a história do clube argentino. Durante sua gestão, a equipe conquistou 11 títulos internacionais em apenas 8 anos, e 17 no total, o que consagrou Macri como o presidente mais vitorioso do clube.

Após fazer fama e fortuna no mundo dos negócios e do esporte, Macri fundou em 2003 o partido Compromisso para a Mudança, que serviu como base para a origem do Pro.

Durante anos, muitos analistas identificaram esse salto ao mundo da política como uma forma de mostrar a seu pai que poderia ser presidente, mas Macri nega.

"Se eu não tivesse sido sequestrado, talvez minha vida pública não tivesse existido", disse recentemente em uma entrevista ao portal "Infobae", em referência ao sequestro de 15 dias que sofreu em 1991.

A primeira experiência de Macri como candidato foi em 2003, quando se inscreveu para as eleições para a prefeitura de Buenos Aires. Apesar de ter perdido para Aníbal Ibarra no segundo turno, ficou conhecido como uma das referências opositoras da capital argentina, e em 2005 se tornou deputado nacional com o Pro.

Dois anos depois, conseguiu uma revanche em Buenos Aires e venceu o candidato do kirchnerismo no segundo turno, com 60,7% dos votos. Em 2011, foi reeleito em território portenho com 64,25% dos votos.

Acusado de formação de quadrilha em um caso de espionagem ilegal, Macri tentou fazer com que a justiça argentina suspendesse o processo durante a campanha, mas não conseguiu. O juiz não encontrou provas para levá-lo a um julgamento, mas também não para suspender o caso, e por isso ele continua processado.

Agora, Macri concorre à presidência contra Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires. Assim como ele, o prefeito portenho foi aluno de uma universidade particular, a Católica Argentina, na qual se formou como engenheiro civil.

Macri é casado desde 2010 com uma celebridade da moda argentina, a designer Juliana Awada, sua terceira esposa, com quem teve a quarta filha, a pequena Antonia, de 4 anos.

Segundo o candidato, a filha caçula o permite ser "pai e avô" por desfrutar dos detalhes com uma capacidade que não teve com os outros três filhos, Agostiniana, Gimena e Francisco, frutos do primeiro casamento.

Macri é fã da banda inglesa Queen, fanatismo que o levou a imitar Freddie Mercury na televisão e até mesmo em sua própria festa de casamento com Awada, em uma atuação que quase acabou em tragédia.

Durante a festa, Macri se engasgou com bigode postiço que utilizava para imitar o líder do Queen, começou a sufocar e precisou ser socorrido por um de seus funcionários.

"Eu pensei: Vou morrer no dia do meu casamento? Que patético", lembrou Mauricio Macri sobre o incidente em entrevista concedida recentemente.