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Costa leste dos EUA deve enfrentar 36 horas sob tempestade de neve

Cristina García Casado

Da Efe, em Washington

23/01/2016 00h59

A costa leste dos Estados Unidos começou a enfrentar, a partir desta sexta-feira (22), a grande tempestade Jonas, que deve durar pelo menos 36 horas e deixar um acúmulo de 30 a 71 centímetros de neve, com ventos de até 96 km/h, o que obrigou as autoridades a declararem situação de emergência em seis estados.

A capital do país, Washington, está no centro de uma tempestade que tem em alerta máximo 29 milhões de pessoas e deve afetar de alguma maneira a rotina de um total de 85 milhões, de Atlanta a Nova York.

O Distrito de Colúmbia (onde fica Washington) e os estados de Maryland, Virgínia, Pensilvânia, Carolina do Norte e Tennessee estão em estado de emergência, e a prefeita da capital, Muriel Bowser, advertiu hoje que se trata de uma tempestade "de vida ou morte", que as autoridades estão encarando como um assunto "de segurança nacional".

Washington vive uma expectativa especial por conta da tempestade, já que a cidade não está acostumada a lidar com o acúmulo de neve, que pode inclusive superar o recorde de janeiro de 1922, quando 71 centímetros cobriram as ruas da cidade.

Na noite desta sexta-feira, 100 mil pessoas já se encontravam sem fornecimento de energia elétrica na Carolina do Norte, segundo informou a companhia Duke Energy, e os cortes no serviço que também se estendiam a estados vizinhos, como Carolina do Sul, Kentucky, Tennessee, Virgínia e Virgínia Ocidental.

Em menos de sete horas de tempestade, Washington e as regiões limítrofes à Virgínia já registravam acúmulos de neve de entre 7 e 15 centímetros.

Está previsto que Nova York receba a forte tempestade a partir de amanhã, e o prefeito, Bill de Blasio, pediu aos moradores que fiquem em casa todo o fim de semana até que as autoridades possam retirar a neve, que pode alcançar 30 centímetros de acúmulo.

Transportes parados

Na Filadélfia, que cancelou todos os voos de amanhã em seu aeroporto, a neve pode chegar a 50 centímetros.

Em todo o país, foram cancelados 3.289 voos previstos para hoje e 3.456 para amanhã, segundo apuração do site especializado em aviação "FlightAware".

"Estamos falando de uma neve úmida e pesada, e de ventos muito fortes que podem derrubar árvores e provocar cortes no fornecimento de energia elétrica em grande escala", explicou hoje em entrevista coletiva a prefeita de Washington.

Bowser pediu aos moradores da capital que se abasteçam de tudo o que for necessário para passar pelo menos 72 horas sem sair de casa, uma recomendação que a cidade levou a sério, a julgar pelas longas filas e as prateleiras vazias vistas nos supermercados desde ontem.

O sistema de metrô da capital fechará hoje às 23h (hora local; 2h de sábado em Brasília) e não vai funcionar até pelo menos a segunda-feira, algo que não tinha ocorrido desde o furacão Sandy, em outubro de 2012, que forçou a paralisação do serviço por 36 horas.

Os diretores do metrô tomaram essa medida, que foi desaprovada por muitos cidadãos, pelos temores de uma interrupção do serviço de fornecimento de energia em grande escala por causa dos fortes ventos, o que poderia deixar os passageiros presos nos túneis.

Os ônibus deixaram de funcionar antes, às 15h (18h de Brasília), momento no qual as autoridades pediram que todos os moradores já estivessem abrigados nos lugares onde pretendiam ficar até que a tempestade terminasse e as vias voltassem a ser liberadas.

O governo federal fechou seus escritórios hoje ao meio-dia, assim como o Capitólio, sede do Congresso, onde os legisladores estão liberados das atividades pelo menos até terça-feira.

Além disso, os trabalhadores terão a opção de trabalhar de casa em algumas empresas e órgãos da capital.

Desde o meio-dia de hoje e ao longo do fim de semana, também ficarão fechados os principais centros turísticos da cidade, a esplanada do National Mall, os memoriais e o zoológico, mas os organizadores de uma passeata nacional antiaborto mantiveram os planos de se manifestarem à tarde no centro de Washington.

A tempestade também afeta a campanha eleitoral. O pré-candidato do Partido Republicano à presidência Chris Christie anunciou hoje no Twitter que deixaria New Hampshire - onde nos próximos dias haverá uma das primárias mais importantes para a escolha do representante da legenda na corrida pela Casa Branca - para desempenhar sua tarefa de governador de Nova Jersey durante a situação de emergência.

Os estados ameaçados pela tempestade têm mais de 1.997.750 toneladas de sal preparadas para lidar com o acúmulo de gelo e a neve nas estradas e a Carolina do Norte mobilizou 100 agentes da Guarda Nacional.

Em Nashville, no estado do Tennessee, alguns motoristas ficaram presos nas estradas por causa da neve e a polícia local reportou 12 acidentes com feridos e mais de 200 sem feridos.

Um avião da United Airlines derrapou ao aterrissar em Chicago, mas sem deixar feridos. A companhia atribuiu o incidente ao mau tempo.

Na região metropolitana de Atlanta, na Geórgia, se solicitou aos motoristas que saíssem das vias antes das 15h locais (18h de Brasília).

Além disso, mais de 2 mil pessoas ficaram sem eletricidade no condado de Davidson, no Tennessee, e outras centenas na Virgínia. As autoridades esperam que este tipo de incidência aumente à medida que avance uma tempestade sobre a qual, dizem, será falada durante gerações.