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Ex-preso de Guantánamo é denunciado por violência doméstica no Uruguai

23/01/2016 03h15

Montevidéu, 22 jan (EFE).- Um dos seis ex-detentos da prisão americana de Guantánamo, em Cuba, que foram acolhidos pelo Uruguai em 2014, o sírio O.M.F., foi denunciado por sua esposa, uma uruguaia convertida ao Islã, por violência doméstica, confirmaram nesta sexta-feira à Agência Efe fontes da Justiça uruguaia e do entorno do denunciado.

Concretamente, um juiz solicitou à polícia os antecedentes criminais do sírio, que tem cerca de 40 anos de idade, e determinou que a mulher fosse submetida a exames de corpo de delito e que o caso fosse levado para a Justiça Especializada em Violência Doméstica para que a mesma estabeleça, se considerar necessário, as medidas cautelares pertinentes.

Pessoas ligadas ao ex-preso negaram as acusações da mulher, com quem o sírio se casou no ano passado, e confirmaram para a Agência Efe que a denúncia foi apresentada hoje, por isso o homem compareceu à delegacia para prestar depoimento, mas foi liberado logo em seguida.

No ano passado, outro dos ex-presos de Guantánamo, o tunisiano A.B.M, foi denunciado por sua esposa, a uruguaia com quem vivia em Montevidéu, por ameaças verbais, por isso se ditou uma ordem de afastamento que a Justiça acabou suspendendo por considerar que já não havia mais riscos.

Os ex-presos de Guantánamo - quatro sírios, um tunisiano e um palestino - foram recebidos no Uruguai como parte do compromisso assumido pelo então presidente José Mujica de colaborar com seu colega americano, Barack Obama, no plano de fechamento da prisão para acusados de terrorismo, que está situada na base naval americana em Guantánamo.

Em carta pública divulgada em dezembro de 2014, O.M.F. contou suas origens na Síria, sua mudança para o Irã para buscar trabalho e depois para o Afeganistão, sua fuga para o Paquistão, sua detenção e entrega a militares dos EUA e sua mudança para Guantánamo, em 2002.

"Durante os últimos 12 anos também fui conhecido como prisioneiro número 329 em Guantánamo. Os EUA me encarceraram em condições cruéis, sem acusações, julgamento e um processo justo", relatou o sírio.

"Em 2009, uma equipe do governo dos EUA, que incluía representantes militares, do FBI e da CIA, revisou meu expediente e determinou de forma unânime que eu deveria ser libertado de Guantánamo", acrescentou o sírio.