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Neto de Khomeini é desqualificado para participar de eleições no Irã

27/01/2016 10h02

Teerã, 27 jan (EFE).- Hassan Khomeini, neto do fundador da República Islâmica do Irã, Ruhollah M?savi Khomein, foi "desqualificado" pelas autoridades eleitorais do país para participar da eleição marcada para 26 de fevereiro, assim como 80% dos candidatos que se apresentaram para a Assembleia de Especialistas.

O porta-voz da Junta Central Eleitoral iraniano, Siamak Rahpeik, anunciou na noite de terça-feira a decisão do Conselho de Guardiães, organismo encarregado do complexo sistema legal iraniano de autorizar ou não a participação de alguns cidadãos como candidatos eleitorais e que desta vez deixou de fora da disputa 635 dos 801 que se apresentaram.

Khomeini, um reconhecido ulemá de 43 anos, se apresentou como candidato para a Assembleia de Especialistas, o corpo formado por 88 clérigos xiitas que tem como missão controlar e, se for o caso, escolher o líder supremo do país.

Este corpo se renova a cada oito anos, o que faz prever que pode ter um papel determinante na próxima legislatura para a eventual escolha do substituto do atual líder, Ali Khamenei, que está com 76 anos e que ano passado teve graves problemas de saúde.

A rejeição a Khomeini, considerado próximo aos moderados e reformistas vinculados ao presidente Hassan Rohani, gerou imediatamente uma onda de críticas na imprensa e nas redes sociais.

Hassan Khomeini se limitou a responder à sua desqualificação com um críptico poema do poeta iraniano Hafez, que diz que não alimentará "o fogo" de um conflito apesar dos erros dentro do sistema.

Seu filho mais velho, Ahmed Khomeini, bisneto do grande líder da Revolução Islâmica, foi mas duro e no Instagram criticou com ironia a incapacidade dos Guardiães para "verificar a qualificação religiosa" - requisito para fazer parte da Assembleia de Especialistas - de seu pai, apesar do testemunho dado em seu favor por dezenas de religiosos de alta categoria e professores dos seminários da cidade sagrada de Qom, onde dá aulas.

"Acredito que todos sabem bem o motivo da desqualificação", acrescentou.

A desqualificação sistemática de candidatos reformistas pelo Conselho de Guardiães, formado por 12 juristas conservadores e controlado em última instância pelo líder supremo, é uma das reiteradas críticas feitas pelos mais moderados ao sistema eleitoral iraniano, e são vistas como uma forma de evitar a presença de candidatos populares.

Neste caso, as desqualificações também afetaram as 16 mulheres que se apresentaram como candidatas; a Majid Ansari, ex-membro da Assembleia de Especialistas e colaborador próximo do presidente Rohani, e a Mostafa Pur Mohamadi, atual ministro da Justiça.

Entre os foram qualificados e poderão participar da disputa estão o próprio Rohani e o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, as figuras mais destacadas dos moderados.

Organizações como a Human Rights Watch criticaram as eleições iranianas e suas perspectivas de serem justas e livres exatamente pelos critérios "discriminatórios e arbitrários" com que desqualificam os candidatos, o que afeta especialmente os reformistas.