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Promotoria turca pede prisão perpétua para 2 jornalistas por espionagem

27/01/2016 11h44

Ancara, 27 jan (EFE).- A promotoria turca pediu prisão perpétua para dois conhecidos jornalistas do jornal opositor turco Cumhuriyet por "espionagem político e militar" e "apoiar uma organização terrorista", informou nesta quarta-feira a agência de notícias Dogan.

O diretor do Cumhuriyet, Can Dündar, e o responsável pelo escritório em Ancara, Erdem Gül, são acusados pela publicação de uma matéria em 29 de maio de 2015 sobre a suposta entrega de armas a milícias sírias que lutam contra o presidente da Síria, Bashar al Assad.

A reportagem, acompanhada de imagens, indicava que os serviços secretos turcos, conhecidos como MIT, tinham transferido armamento à Síria simulando ser ajuda humanitária.

Os caminhões interceptado com o suposto armamento foram registrados por soldados da Gendarmaria turca em janeiro de 2014, embora o governo nunca tenha admitido que esses veículos transportassem outra coisa além de ajuda humanitária.

Os jornalistas estão em prisão preventiva desde o final de novembro.

Erdogan apresentou uma denúncia contra Dündar e o "Cumhuriyet" em 2 de junho de 2015 e afirmou que revelar essa informação era um ato de "traição" e que os responsáveis pagariam "um preço muito alto".

A promotoria os acusa de "reunir documentos secretos do Estado com o propósito de espionagem político e militar", de "tentar derrubar ao governo", e de "apoiar uma organização terrorista", sem mencionar qual.

Desde que o islamita Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) recuperou a maioria absoluta, nas eleições de novembro, as autoridades intensificaram as ações contra meios de comunicação críticos e vozes dissidentes.

A Human Rights Watch (HRW) criticou hoje em seu relatório anual a repressão de ativistas e veículos de comunicação críticos ao governo.

"Ainda não está claro de que acusam Dündar e Gül. O que está claro é que, ao publicar esta notícia (sobre o transporte de armas), simplesmente faziam seu trabalho como jornalistas. Qualquer jornalista teria publicado esta história, e o público tem direito de conhecê-la", disse hoje Emma Sinclair-Webb, investigadora da HRW na Turquia.