Quase 50 anos depois, veterano de guerra reencontra namorada vietnamita
Aos 68 anos e depois de uma busca de uma década, o americano Jim Reischl encontrou a antiga namorada vietnamita, Nguyen Thi Hanh, de quem teve que se afastar há 46 anos quando precisou voltar aos Estados Unidos.
"Nem sei como me sinto. Depois de tantos anos, de viajar para o Vietnã cinco vezes sem ter resultados, já não esperava nada. Foi muito emocionante", contou ele à Agência Efe pouco depois do reencontro na aldeia de My Luong, no sul do país.
Jim Reischl é um dos vários ex-militares que voltaram ao Vietnã nos últimos anos em busca de filhos nunca vistos e namoradas abandonadas, e um dos poucos que teve sorte.
Depois da uma longa saga, ele chegou a Ho Chi Minh (antiga Saigon) no último dia 7. No dia seguinte, saiu para percorrer 200 km de ônibus acompanhado de outros dois veteranos e um intérprete vietnamita. E conseguiu rever sua namorada.
O reencontro foi em um hotel da cidade. Assim que se viram, Reischl e Nguyen, de 64 anos, mergulharam em um profundo abraço, regado de lágrimas e sorrisos.
"Estou muito feliz por estar aqui", disse ele.
Os primeiros minutos, eles passaram de mãos dadas. Os sorrisos não saíram dos rostos, e as lembranças do namoro da juventude vieram à tona através das velhas fotos.
"A mesma voz, os mesmos olhos, os mesmos gestos, a mesma forma de andar. Te escrevi uma carta quando cheguei aos Estados Unidos e nunca tive resposta. Agora sei que não chegou", lembrou ele, emocionado.
O adeus do passado não foi fácil, mas, depois disso, ambos viveram suas vidas separadamente, se casaram e formaram família. Reischl estava em casa, em Minnesotta, e de vez em quando se pegava lembrando dos tempos de Força Aérea em Saigon e da antiga namorada, com quem chegou a dividir um quarto alugado perto da base de Tan Son Nhut.
Há dez anos, em plena maturidade e depois de se divorciar, ele resolveu começar através da internet uma busca que o levou, em 2012, outra vez ao Vietnã. Foi a primeira tentativa.
A única informação que ele tinha era o sobrenome dela e algumas fotos, que usou em anúncios em vários jornais locais. O resultado não foi positivo.
"Continuei vindo ao Vietnã porque descobri que gosto muito daqui e porque fujo do frio de Minnesotta. Continuei fazendo algumas buscas, mas começava a acreditar que seria impossível", admitiu.
Em setembro do ano passado, os ventos sopraram a favor de Reischl. Nguyen leu a reportagem do jornal vietnamita "Thanh Nien" em que ele contava sua história.
A emoção foi grande, mas mesmo assim ela precisou de dez dias para pensar e então entrar em contato com o jornalista que tinha escrito o texto.
"No começo, eu fiquei chateada. Ele foi embora sem se despedir e me deixou sozinha. Quebrou o meu coração. Mas repensei e percebi o esforço que estava fazendo para me achar", contou ela.
Contando esse misto de sentimentos, ela revelou algo que Reischl suspeitava, mas que nunca teve certeza: ela estava grávida quando ele foi embora.
"Sei que não agi da melhor maneira, mas não tinha certeza da gravidez. Ela queria que eu ficasse no Vietnã, mas meus superiores me alertaram que as mulheres vietnamitas fingiam gravidez. Me assustei", justificou-se.
O bebê nasceu em dezembro de 1970. Era uma menina de cabelo claro e que a mãe nunca mais voltou a ver.
"Uma amiga a levou para casa para cuidar, enquanto eu me recuperava no hospital. Quando fui buscá-la, ela tinha fugido com o meu bebê. Nunca mais a vi. Não sei nem se está no Vietnã ou em outro país", lamentou Nguyen.
Reischl, que planeja ficar em Ho Chi Minh até maio e visitar Nguyen e sua família muitas vezes, agora quer encontrar a filha perdida.
"Talvez esteja nos Estados Unidos. Talvez em outro país. Quem sabe conseguimos localizar com exames de DNA. Não tenho muita esperança, mas também não tinha de encontrar Nguyen", afirmou.
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