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Líder de milícia do Oregon (EUA) pede que seus seguidores encerrem ocupação

28/01/2016 01h15

Washington, 27 jan (EFE).- Ammon Bundy, o líder da milícia armada que ocupa desde o dia 2 de janeiro as instalações do governo dos Estados Unidos em um parque natural do estado do Oregon, no oeste do país, e que foi detido ontem por agentes federais, pediu nesta quarta-feira a seus seguidores que abandonem o local.

Após a primeira audiência em um tribunal federal da cidade de Portland, a maior do estado, na qual foram apresentadas as acusações contra Bundy e outros sete detidos na operação de ontem, o advogado do líder miliciano leu um comunicado em seu nome.

"Aos que permanecem no refúgio, eu amo vocês. Deixem que nós sigamos com a luta aqui. Por favor, renunciem. Voltem para casa e se reúnam com suas famílias. A luta agora é nos tribunais. Por favor, voltem para casa", disse Bundy através de seu advogado, Mike Arnold.

O número de pessoas que continuam ocupando atualmente o edifício da reserva natural de Malheur ainda é desconhecido, mas alguns veículos locais de imprensa como o jornal "The Oregonian" indicaram que muitos deles já estão deixando o local.

O FBI, que realizou as detenções, acusa os oito detidos de "conspirar para impedir os agentes da lei de realizarem suas obrigações mediante o uso de força, intimidação e ameaças", e assegura que os amotinados tinham à disposição explosivos e óculos de visão noturna e que estavam preparados para lutar.

Após ler as acusações, a juíza Stacie Beckerman decidiu que Bundy e os outros indiciados deverão permanecer presos até pelo menos sexta-feira, ao considerar que eles representam perigo para a comunidade e que, por não terem vínculos com o estado do Oregon, já que todos vêm de outros estados, existe o risco de fuga.

A operação de ontem aconteceu em uma estrada nos arredores da cidade de Burns, quando o FBI parou o carro em que estavam os líderes dos amotinados, o que resultou numa troca de tiros que acabou causando a morte de um dos integrantes da milícia, o porta-voz Robert Levoy Finnicum.

Estavam no veículo Bundy, Finnicum e outras quatro pessoas, enquanto as outras duas detenções aconteceram em operações paralelas em Burns.

"Levoy era um dos melhores homens e maiores patriotas que já vi. Ele levava seu amor por este país no sangue que derramou ontem", disse Bundy sobre o amigo através de seu advogado.

No dia 2 de janeiro, os milicianos armados tomaram um edifício da reserva natural de Malheur como parte de um protesto, que começou em Burns, em apoio a dois fazendeiros condenados por realizar queimadas sem permissão em um terreno rural do governo federal.

Desde então, outras pessoas provenientes de todo o país se juntaram ao grupo, e os amotinados organizaram vários encontros com a população local para defender sua posição e protestar contra o que consideram abusos e autoritarismo do governo federal.

À frente dos amotinados se encontram os irmãos Ammon e Ryan Bundy, filhos do fazendeiro de Nevada Cliven Bundy, conhecido por levar anos desafiando o governo ao se negar a pagar pelo uso dos terrenos federais para criação de gado.

O fato que desencadeou o protesto foi a condenação ditada contra dois fazendeiros do Oregon, Dwight Hammond e seu filho Steve, por terem feito queimadas não autorizadas em terreno federal em 2001 e 2006.

Em um princípio, o pai da família Hammond foi condenado a três meses de prisão e seu filho a um ano, penas que cumpriram, mas, em outubro, um tribunal de apelações considerou que a punição era branda demais e aumentou a condenação para cerca de mais quatro anos para cada um, já que as leis federais punem o incêndio provocado com pelo menos cinco anos de prisão.

Os Hammond alegam que o fogo foi ateado em sua propriedade para evitar o crescimento de plantas invasoras, mas a versão do governo no julgamento foi muito diferente: os dois se dedicavam à caça ilegal e a outras atividades irregulares e provocaram os incêndios para apagar as provas.

No entanto, o motivo de fundo do protesto é a reivindicação do direito das pessoas ao uso gratuito dos terrenos governamentais, algo que os milicianos consideram um princípio constitucional que devem defender "frente à tirania" do governo central.