Topo

Ausência de Trump ofusca último debate republicano antes de prévia em Iowa

29/01/2016 05h24

Marc Arcas.

Washington, 28 jan (EFE).- O último debate entre os pré-candidatos do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos antes da importante reunião eleitoral da próxima segunda-feira em Iowa foi ofuscado nesta quinta-feira pela ausência do magnata Donald Trump, que foi mencionado várias vezes no evento e liderou as citações na internet.

O enfrentamento que Trump mantém aberto há meses com a emissora organizadora do debate, "Fox News", e especialmente com uma de suas principais apresentadoras, a jornalista Megyn Kelly, fez com que o magnata se recusasse a participar do evento. No entanto, Trump resolveu organizar simultaneamente um ato de arrecadação de fundos para os veteranos de guerra.

O "contra-ataque" de Trump teve o efeito esperado, já que seu discurso foi televisionado por "CNN" e "MSNBC" enquanto a "Fox News" exibia o debate. Com isso, o magnata nova-iorquino contou com duas janelas de espaço na televisão somente para ele, enquanto sete de seus rivais políticos compartilhavam um mesmo canal.

Na internet, Trump foi o pré-candidato mais procurado no Google por ampla margem, segundo dados do próprio site de buscas, e no Twitter alcançou 37% de todas as citações feitas esta noite sobre os pré-candidatos republicanos, muito acima de Ted Cruz (18%) e Marco Rubio (12%).

Mas o domínio do magnata nova-iorquino não se limitou somente às redes. Ele também foi o protagonista em muitos momentos do próprio debate, ao ser mencionado em várias ocasiões, direta e indiretamente, por seus rivais.

"Antes de começar com os temas, vamos ao elefante que não está na sala esta noite", se dirigiu aos pré-candidatos a moderadora, Kelly, logo no início do debate.

O senador Marco Rubio disse que "esta campanha não é sobre Trump", e o senador Ted Cruz também admitiu o que magnata gerou "enorme entusiasmo" entre os eleitores republicanos. Já o ex-governador da Flórida Jeb Bush disse em tom irônico que sentia saudades de Trump, e chamou o magnata de "pequeno ursinho de pelúcia".

A "Fox News", por sua vez, emitiu um comunicado no qual explicou que manteve conversas com Trump para que ele participasse do debate, mas que o magnata pediu em troca uma contribuição por parte da emissora de US$ 5 milhões para seu fundo de arrecadação para os veteranos de guerra.

Alguns minutos depois do fim debate, Trump agradeceu em uma mensagem no Twitter os US$ 6 milhões arrecadados durante a noite, "enquanto os políticos falavam".

À margem do magnata, o debate viveu um de seus momentos mais tensos quando Ted Cruz, Marco Rubio e Jeb Bush se acusaram mutuamente de terem mudado de posição em questões migratórias.

Bush atacou Rubio ao lembrar que ele foi um dos impulsores do projeto de lei para uma reforma migratória e que depois "se esquivou", porque essa iniciativa "não era popular entre os conservadores". Rubio, por sua vez, respondeu que quem tinha mudado de postura sobre imigração era Bush.

Do enfrentamento com os ex-governador da Flórida, Rubio passou para um situação similar com Cruz, que, na sua opinião, construiu sua campanha em torno da "mentira" de que é o candidato "mais conservador" e acusou o senador pelo Texas de "estar disposto a fazer ou dizer qualquer coisa para conseguir votos".

Rubio também protagonizou um dos momentos mais curiosos da noite ao assegurar que os Estados Unidos "não querem ser a Suécia" em uma tentativa de desqualificar o pré-candidato democrata e autoproclamado socialista Bernie Sanders.

"Bernie Sanders é um bom candidato a presidente. Da Suécia. Nós não queremos ser a Suécia", disse o senador pela Flórida.

Outro momento peculiar foi quando o senador libertário por Kentucky Rand Paul trouxe à tona a aventura extraconjugal de Bill Clinton quando este era presidente.

"Não acho que Hillary seja responsável pelo comportamento de seu marido, mas se qualquer executivo fizesse com uma estagiária de 21 anos o que Bill fez, teria sido despedido e jamais seria contratado de novo. Ela não pode ser uma campeã dos direitos das mulheres com isso", disse Paul.

O debate de hoje foi o último entre os pré-candidatos republicanos antes dos caucuses de Iowa, que acontecem na próxima segunda-feira e dão início oficialmente ao processo de primárias para escolher os indicados dos partidos Democrata e Republicano para a presidência dos EUA.