"Micróbios", os grupos de jovens que aterrorizam a Costa do Marfim
Grace Kapeu.
Abidjan, 22 abr (EFE).- Eles têm entre 8 e 18 anos, agem em grupos e andam armados com qualquer coisa: pedras, facas, paus e inclusive pistolas. Autodenominados "micróbios", esses menores e adolescentes aterrorizam os habitantes de Abidjan com violência extrema e superioridade numérica.
São meninos sem recursos que recorrem aos roubos e agressões para ganhar algum dinheiro e comprar drogas baratas. Eles não conheceram outro ambiente além da sobrevivência dia a dia.
Os "micróbios" nasceram no bairro de Abobo, na periferia da capital Yamoussoukro, durante a violência pós-eleitoral que deixou mais de três mil mortos e dezenas de milhares de deslocados após a polêmica vitória de Laurent Gbagbo, denunciada pela comunidade internacional.
Entre novembro de 2010 e abril de 2011, Abidjan se tornou uma cidade dividida entre apoiadores de Gbagbo e do líder opositor e verdadeiro vencedor do pleito, Alassane Ouattara, que mais tarde seria nomeado presidente e que foi reeleito há alguns meses.
Abobo era um bairro opositor e seus moradores se organizaram em uma milícia chamada "comando invisível". Entre seus membros mais jovens havia crianças que eram utilizadas como sentinelas ou isca para emboscar tropas leais a Gbagbo.
Quando o conflito terminou, os líderes do "comando invisível" desapareceram e muitos dos garotos, que ao longo dos meses aprenderam a usar armas e se movimentar livremente entre a violência e os roubos, ficaram desamparados.
Alguns retornaram para suas respectivas casas e outros, diante da falta de alternativas, decidiram se organizar em grupos criminosos juvenis. O nome de "micróbios" é visto por muitos como metáfora de uma infecção que se propagou sem controle por toda a capital.
De Abobo, a atividade desses jovens se estendeu a outros bairros da cidade como Yopougon, Attécoubé, Adjamé, Williamsville e à área residencial de Cocody. O número de vítimas, feridos e mortos aumenta enquanto cresce a indignação entre a população, que se queixa da pouca eficácia da polícia.
Há meses, as autoridades marfinenses tentaram, sem sucesso, acabar com os grupos aumentando a resença policial nos bairros mais afetados pela insegurança, mas até agora não obtiveram resultados notáveis.
O fato mais impactante aconteceu em agosto do ano passado, quando um desses grupos de "micróbios" agrediu e matou a facadas Claude Larrissa Abogny, uma jovem estudante de 23 anos. A história comoveu a cidade e obrigou o governo a iniciar a operação "desinfecção".
Fartos da falta de resultados, os moradores se organizaram em comitês de autodefesa e não hesitam em fazer justiça com as próprias mãos. Há poucos dias, um suposto membro do grupo foi linchado por uma multidão após tentar roubar um motorista.
Um final atroz, mas previsível, para garotos aos quais poucos querem dar uma oportunidade para sair do círculo vicioso de criminalidade e drogas nos quais estão inseridos há anos.
O governo pretende criar uma rede de centros de reabilitação para que esses jovens tenham um lugar para ficar e não passem tanto tempo na rua, com a intenção não apenas de recuperar os casos mais problemáticos, mas de dar oportunidades aos que ainda têm salvação. EFE
gk-xfc/vnm/id
Abidjan, 22 abr (EFE).- Eles têm entre 8 e 18 anos, agem em grupos e andam armados com qualquer coisa: pedras, facas, paus e inclusive pistolas. Autodenominados "micróbios", esses menores e adolescentes aterrorizam os habitantes de Abidjan com violência extrema e superioridade numérica.
São meninos sem recursos que recorrem aos roubos e agressões para ganhar algum dinheiro e comprar drogas baratas. Eles não conheceram outro ambiente além da sobrevivência dia a dia.
Os "micróbios" nasceram no bairro de Abobo, na periferia da capital Yamoussoukro, durante a violência pós-eleitoral que deixou mais de três mil mortos e dezenas de milhares de deslocados após a polêmica vitória de Laurent Gbagbo, denunciada pela comunidade internacional.
Entre novembro de 2010 e abril de 2011, Abidjan se tornou uma cidade dividida entre apoiadores de Gbagbo e do líder opositor e verdadeiro vencedor do pleito, Alassane Ouattara, que mais tarde seria nomeado presidente e que foi reeleito há alguns meses.
Abobo era um bairro opositor e seus moradores se organizaram em uma milícia chamada "comando invisível". Entre seus membros mais jovens havia crianças que eram utilizadas como sentinelas ou isca para emboscar tropas leais a Gbagbo.
Quando o conflito terminou, os líderes do "comando invisível" desapareceram e muitos dos garotos, que ao longo dos meses aprenderam a usar armas e se movimentar livremente entre a violência e os roubos, ficaram desamparados.
Alguns retornaram para suas respectivas casas e outros, diante da falta de alternativas, decidiram se organizar em grupos criminosos juvenis. O nome de "micróbios" é visto por muitos como metáfora de uma infecção que se propagou sem controle por toda a capital.
De Abobo, a atividade desses jovens se estendeu a outros bairros da cidade como Yopougon, Attécoubé, Adjamé, Williamsville e à área residencial de Cocody. O número de vítimas, feridos e mortos aumenta enquanto cresce a indignação entre a população, que se queixa da pouca eficácia da polícia.
Há meses, as autoridades marfinenses tentaram, sem sucesso, acabar com os grupos aumentando a resença policial nos bairros mais afetados pela insegurança, mas até agora não obtiveram resultados notáveis.
O fato mais impactante aconteceu em agosto do ano passado, quando um desses grupos de "micróbios" agrediu e matou a facadas Claude Larrissa Abogny, uma jovem estudante de 23 anos. A história comoveu a cidade e obrigou o governo a iniciar a operação "desinfecção".
Fartos da falta de resultados, os moradores se organizaram em comitês de autodefesa e não hesitam em fazer justiça com as próprias mãos. Há poucos dias, um suposto membro do grupo foi linchado por uma multidão após tentar roubar um motorista.
Um final atroz, mas previsível, para garotos aos quais poucos querem dar uma oportunidade para sair do círculo vicioso de criminalidade e drogas nos quais estão inseridos há anos.
O governo pretende criar uma rede de centros de reabilitação para que esses jovens tenham um lugar para ficar e não passem tanto tempo na rua, com a intenção não apenas de recuperar os casos mais problemáticos, mas de dar oportunidades aos que ainda têm salvação. EFE
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