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Ex-líder do Congresso dos EUA é alvo de processo por abuso sexual

O ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Dennis Hastert - Andrew Nelles/Reuters
O ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Dennis Hastert Imagem: Andrew Nelles/Reuters

Em Washington

26/04/2016 03h03

O ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Dennis Hastert, que está sendo julgado por violação das leis bancárias, foi acionado nesta segunda-feira (25) na Justiça por um homem que reivindica o pagamento de US$ 1,8 milhão que seria o resquício de uma compensação prometida pelo político por um caso de abuso sexual.

Segundo a emissora NBC, o homem, James Doe, apresentou o processo no tribunal do condado de Kendall, no Estado de Illinois, e exige de Hastert o pagamento de US$ 1,8 milhão como a parcela ainda não paga de um suposto acordo de US$ 3,5 milhões firmado por ambos verbalmente em 2008.

De acordo com a informação divulgada pela NBC, o ex-líder do Congresso teria se comprometido a pagar esse valor a Doe como compensação por "décadas de dor e sofrimento", já que o mesmo teria sido alvo de abusos por parte do ex-congressista há muito tempo, quando ele tinha 14 anos e Hastert era treinador de luta livre em seu instituto.

No dia 8 de abril, a procuradoria já tinha acusado o ex-presidente da Câmara dos Representantes de ter cometido abusos sexuais em quatro adolescentes do sexo masculino há décadas, e um deles seria Doe.

Apesar de não terem sido apresentadas acusações contra Hastert por esses abusos especificamente, já que os supostos crimes teriam prescrito, a procuradoria apresentou então na Justiça os detalhes dos abusos, já que estes estariam relacionados com o motivo pelo qual Hastert está sendo julgado, por violação de leis bancárias.

Em maio do ano passado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou várias acusações contra Hastert, de 74 anos, por ter aceitado pagar até US$ 3,5 milhões a um homem, cuja identidade era desconhecida até agora, mas que após o processo aberto hoje se soube que se trava de James Doe, e de mentir para o FBI, a polícia federal americana, sobre o mesmo.

De acordo com os documentos entregues à Justiça, durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, Hastert fez massagem em um jovem dentro do vestiário e depois praticou um ato sexual com ele que não foi especificado; abusou sexualmente durante vários anos de outro e fez massagem nas virilhas de outro adolescente no quarto de um hotel.

Os relatos apresentados pela procuradoria falam de quatro adolescentes diferentes, o mais jovem deles de 14 anos (Doe), mas os detalhes sobre a quarta suposta vítima não foram divulgados.

Durante essas três décadas, Hastert era treinador de luta livre no instituto de um pequeno povoado de Illinois e, segundo os procuradores, "usou a confiança que despertava entre os alunos" para se aproveitar deles sexualmente.

A Justiça americana tinha detectado grandes saques de dinheiro e transações financeiras das contas bancárias do ex-presidente da Câmara dos Representantes entre 2010 e 2014.

Em outubro, Hastert se declarou culpado de ter violado leis bancárias para ocultar o pagamento de "más condutas passadas", como silenciar essas relações sexuais.

Pela violação das leis bancárias, Hastert poderia ser condenado a cinco anos de prisão e sua sentença será emitida nesta quarta-feira, mas a procuradoria recomendou uma sentença de seis meses ou menos ao considerar sua confissão.