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Ex-líder do Congresso dos EUA é condenado à prisão por escândalo sexual

27/04/2016 15h51

Washington, 27 abr (EFE).- Um juiz de Chicago, em Illinois, condenou nesta quarta-feira a um ano e três meses de prisão o ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Dennis Hastert, por ter comprado o silêncio das crianças que abusou sexualmente quando era professor de artes marciais.

Ao ditar a sentença, o juiz Thomas M. Durkin chamou de "pedófilo em série" o antigo terceiro homem mais poderoso do país, que em outubro do ano passado confessou ter violado leis bancárias ao pagar dezenas de milhares de dólares a um homem com o qual manteve relações sexuais na época em que o ex-legislador dava aulas em um instituto.

A sentença de 15 meses recebida é menor que os cinco anos de prisão aos quais Hastert poderia ter sido condenado. O ex-líder do Congresso supostamente abusou de cinco garotos adolescentes há décadas, quando era treinador de luta livre no instituto de Yorkville, em Illinois.

"A primeira coisa que quero fazer é me desculpar com os meninos, que tratei mal quando era treinador. O que fiz foi ruim e lamento", reconheceu hoje durante a audiência.

Hastert, de 74 anos, foi ao tribunal de Chicago em cadeira de rodas e precisou de ajuda para se deslocar dentro das instalações. Durante seu depoimento, o político admitiu ter abusado sexualmente de uma das vítimas, mas afirmou que não se lembrava do resto.

"Estou aqui de pé, 20 anos depois, com a verdade do meu lado. Como muitos, espero ser seu pior pesadelo", disse durante a audiência Jolene Burdge, a irmã de Stephen Reinboldt, jovem que estava na equipe de luta livre e antes de morrer de aids em 1995 confessou que o político abusou repetidamente dele.

De acordo com a promotoria, durante os anos 60, 70 e 80, Hastert "usou a confiança que despertava entre os alunos" para abusar sexualmente de pelo menos cinco adolescentes, o mais jovem deles de 14 anos, os quais enganava, por exemplo, com massagens para praticar atos sexuais.

Durante a audiência de hoje, foi revelada a identidade de uma das vítimas, identificada durante o processo com a letra "D" e que disse ser Scott Cross, de 53 anos, irmão do ex-líder da Câmara dos Representantes de Illinois, o republicano Tom Cross, que Hastert ajudou durante sua carreira política.

Cross descreveu os abusos sexuais que sofreu quando tinha 17 anos e disse querer que seu depoimento sirva para mostrar que as vítimas de abusos sexuais sempre têm uma alternativa melhor que o silêncio.

Apesar das acusações de abusos sexuais, Hastert não foi julgado por este motivo pelo fato de esses crimes já terem prescrito.

No entanto, a promotoria revelou os detalhes dos abusos sexuais, por estarem relacionados com a violação de leis bancárias, pelas quais o político foi condenado.

Há quatro anos, a justiça americana detectou grandes retiradas de dinheiro das contas bancárias de Hastert em um banco de Yorkville, do qual o político supostamente fazia saques de 50 mil dólares regularmente entre junho de 2010 e abril de 2012.