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Kerry acusa regime sírio de atacar hospital em Aleppo e pede ação à Rússia

28/04/2016 17h33

Washington, 28 abr (EFE).- O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta quinta-feira que todos os indícios apontam que o ataque a um hospital na noite de ontem, em Aleppo, no qual morreram 27 pessoas, foi realizado pelo regime de Bashar al Assad.

Além disso, Kerry pediu que a Rússia assuma sua "urgente responsabilidade" de pressionar seu aliado sírio para que Assad deixe de violar o cessar-fogo em vigor no país.

"Estamos indignados pelos ataques de ontem em Aleppo no hospital de Al Quds, apoiado tanto pela Médicos Sem Fronteiras como pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que matou dúzias de pessoas, incluindo crianças, pacientes e médicos", afirmou Kerry em nota.

"Apesar de ainda estarmos tentando obter dados sobre as circunstâncias do ataque, parece ter sido um bombardeio deliberado sobre uma conhecida instalação médica e está de acordo com o atroz histórico do regime de Al-Assad atacar esse tipo de local e equipes de emergência", acrescentou o chefe da diplomacia dos EUA.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, reiterou o discurso de Kerry em sua entrevista coletiva diária, ao afirmar que o ataque se encaixa com a "pauta de Al-Assad de atacar equipes de emergência".

Uma fonte militar do regime sírio negou hoje qualquer envolvimento do governo no bombardeio, no qual morreram 27 pessoas, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Kerry lembrou que a ONU alertou hoje sobre a situação "catastrófica" em Aleppo. "As recentes ações ofensivas do regime na região, apesar da trégua, agravam a violência e solapam o fim das hostilidades entre as partes".

"A Rússia tem uma urgente responsabilidade de pressionar o regime para que cumpra com seus compromissos sob a resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, incluindo, em particular, deixar de atacar civis, instituições médicas e equipes de emergência, além de se ajustar completamente ao fim das hostilidades", concluiu Kerry.

Horas depois do ataque, o mediador da ONU para o processo de paz na Síria, Staffan de Mistura, pediu à Rússia e aos EUA que unam esforços para dar um novo vigor à trégua no país e salvá-la do "colapso total".

De Mistura afirmou que só anunciará a data para uma nova rodada de negociações quando a situação de segurança tiver melhorado na Síria, com um esforço que deve realizado por EUA, Rússia e os demais países que formam o Grupo Internacional de Apoio à Síria.

Perguntado sobre o assunto, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, afirmou que o governo americano "compartilha das preocupações do mediador da ONU sobre a direção das coisas na Síria".

Em entrevista coletiva diária, Kirby disse que espera que Kerry converse em breve com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, sobre a situação do conflito sírio, e que concorda com De Mistura sobre convocar em breve uma nova reunião do Grupo Internacional de Apoio à Síria.

"Apesar de tudo, ainda achamos que o processo (de negociações de paz) em Genebra pode funcionar", ressaltou o porta-voz.