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Mossack Fonseca fecha escritórios em Jersey, Ilha de Man e Gibraltar

28/05/2016 03h04

Cidade do Panamá, 27 mai (EFE).- O escritório de advocacia Mossack Fonseca, epicentro dos chamados Panama Papers, anunciou nesta sexta-feira que seus escritórios nas dependências britânicas de Jersey, Ilha de Man e Gibraltar encerrarão suas operações.

A firma panamenha de gestão de patrimônio, que tem sedes em todos os continentes, indicou através do Twitter que a decisão foi tomada com "grande pesar", porque a firma esteve presente nesses locais por mais de 20 anos.

O vazamento maciço de documentos que revelam as gestões da Mossack Fonseca durante 40 anos é a base dos Panama Papers, que foram divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês) no dia 3 de abril.

A informação causou um escândalo de dimensões globais pelo uso de empresas offshore para supostamente sonegar impostos e lavar dinheiro através de 21 paraísos fiscais.

A situação se intensificou quando o ICIJ pôs à disposição do público no dia 9 de maio a totalidade dos documentos, através de uma base dedados onde é possível buscar os nomes de quase 214 mil companhias, fundações e fundos que são parte da investigação.

A Grã-Bretanha, com 1.900 companhias, é o segundo país ou jurisdição com mais empresas incluídas na base de dados, atrás de Hong Kong, com 2.200.

No banco de dados aparece o nome de Ian Cameron, pai do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, falecido em 2010 e que figurava como diretor do fundo de investimentos Blairmore.

O líder conservador britânico reconheceu que possuía ações no fundo de investimentos de seu pai antes de chegar ao poder em 2010, e teve que comparecer perante a Câmara dos Comuns para dissipar a controvérsia surgida por causa dos vazamentos.

O ICIJ adverte em sua publicação que as sociedades "offshore" têm "usos legítimos" e ressalta que não pretende dizer que as pessoas e as companhias que aparecem nos documentos descumpriram a lei.

Os escritórios da Mossack Fonseca em países como o Peru, Equador, El Salvador e Panamá, onde fica a sede principal, sofreram intervenções por causa do escândalo, e as procuradorias dos países da região analisam agora a possibilidade de que tenham sido cometidos crimes através das empresas criadas.

Em seu comunicado desta sexta-feira, a firma esclareceu que continuará prestando serviços a todos os seus clientes apesar do anúncio de fechamento dos três escritórios em dependências britânicas, sobre os quais não deu motivos.

Os Panama Papers foram qualificados como o maior vazamento jornalístico da história, e atingem 140 políticos e funcionários de todo o planeta, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.