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Cazaquistão reúne líderes religiosos e políticos contra o terrorismo

31/05/2016 11h07

James Russo.

Astana, 31 mai (EFE).- Líderes religiosos e políticos de vários países do mundo denunciaram nesta terça-feira, no Cazaquistão, o terrorismo realizado em nome de Deus e defenderam o diálogo inter-religioso como uma arma poderosa contra esse tipo de violência.

O presidente do Senado do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, leu uma mensagem do presidente do país, Nursultan Nazarbayev, durante a abertura da conferência "Religião contra o terrorismo", realizada no Palácio da Paz e da Reconciliação de Astana, capital do país.

"Hoje em dia, a ameaça do terrorismo mudou radicalmente nosso conceito de segurança internacional. O terrorismo não distingue fronteiras, nem divide os países entre ricos e pobres. Ainda não temos uma solução única e universal para resistir contra este perigo, por isso devemos dobrar nossos reforços para lutar dignamente contra esta ameaça global", disse Nazarbayev.

"Para dirigir nossos esforços contra eliminação da base ideológica do terrorismo é crucial ampliar e melhorar a qualidade da educação dos políticos, dos professores espirituais, dos líderes de opinião e da imprensa", completou o presidente cazaque.

A conferência faz parte dos planos de implementação da iniciativa na luta contra o terrorismo internacional esboçada pelo Cazaquistão na 70ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, em 2015.

Participaram do evento 63 delegados, entre eles representantes da ONU, da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), e de várias vertentes religiosas, como o islã, o cristianismo, o budismo, o judaísmo, o hinduísmo e o taoísmo.

"O extremismo e o terrorismo não estão relacionados com uma religião ou grupo étnico específico. No entanto, os extremistas, que se escondem atrás de postulados religiosos e participam de crimes de sangue, retratam a religião islâmica como fonte de ameaças e perigos globais", disse Yerzhan Mayamerov, mufti supremo do Cazaquistão.

Amal Abdulla Alqubaisi, presidente do Conselho Nacional Federal dos Emirados Árabes Unidos, pediu aos líderes religiosos e políticos a formação de uma frente unida nesta guerra.

"Não existe o islã moderado e o islã extremista. Só há um islã e ele foi sequestrado por militantes violentos. Precisamos dar acompanhamento a nossas palavras com fatos. A humanidade é que está em jogo nessa guerra", disse Alqubaisi.

O presidente do Senado do Cazaquistão alertou sobre uma "expansão do arsenal de métodos e formas da atividade terrorista". "Os grupos radicais alcançaram um financiamento estável e estão utilizando eficazmente as tecnologias modernas e afirmam abertamente que têm uma estrutura quase estatal", afirmou.

Segundo Tokayer, que também é presidente da Secretaria do Congresso dos Líderes das Religiões Mundias e Tradicionais, "é necessário passar das práticas de terrorismo de localização a uma estratégia integral para sua eliminação".

O senador cazaque observou, além disso, que a sociedade, especialmente a imprensa, "deve pressionar para a adesão das normas éticas para evitar a incitação do ódio religioso".

"Devemos encontrar uma posição comum de condenação dos atos antirreligiosos extremistas que insultam os sentimentos dos crentes", disse Tokayev.

"O extremismo é o inimigo da humanidade. A violência provoca a perda da conexão com Deus", acrescentou Mohammad Hassan Aboutorabi Fard, primeiro vice-presidente do parlamento do Irã, que disse que seu país é o principal alvo da violência extremista, e se comprometeu a manter a "diversidade (religiosa) no país".

"Uma pequena minoria sequestrou os verdadeiros princípios do islã. Não se deve permitir que o Daesh (acrônimo árabe do Estado Islâmico) e organizações similares, que tanta miséria estão causando no Oriente Médio e África, dominem a imagem do islã", disse Mohammed Sheikh, o primeiro membro muçulmano do Partido Conservador do Reino Unido da Câmara dos Lordes.

A maior parte dos delegados também defendeu que o diálogo inter-religioso é uma arma-chave no longo processo de eliminação das frustrações sociais que ajudam a gerar o radicalismo.