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Países vítimas de deportações na URSS pedem compensação 75 anos depois

19.jul.2015 - Operários se preparam para derrubar estátuas soviéticas em Vilnius - Mindaugas Kulbis/AP
19.jul.2015 - Operários se preparam para derrubar estátuas soviéticas em Vilnius Imagem: Mindaugas Kulbis/AP

Em Varsóvia (Polônia)

14/06/2016 18h35

Polônia, Ucrânia e as três repúblicas bálticas (Lituânia, Letônia e Estônia) condenaram nesta terça-feira (14) as deportações de milhares de seus cidadãos para a Sibéria e outras antigas regiões da URSS (União Soviética) há 75 anos e pediram à Rússia que reconheça esses "crimes", compense os afetados e abandone o discurso de "elogiar" o passado soviético.

Em comunicado conjunto, os ministros de Justiça dos cinco países lembraram o "drama humano" dos expatriados por demonstrarem oposição ao regime comunista e condenaram "esses e outros crimes covardes cometidos por regimes totalitários".

"A Rússia, que é a sucessora legal da União Soviética, não adotou nenhuma medida para compensar esses crimes e mantém uma retórica que nega os crimes cometidos e glorifica o passado soviético, seus líderes, símbolos e ações", denunciaram os cinco ministros.

Hoje se completam 75 anos do começo das deportações em massa à Sibéria e a outras regiões remotas da URSS, método usado pelas autoridades soviéticas para afastar de seus países de origem os dissidentes, algumas vezes acompanhados de toda a família, de modo a aplacar qualquer oposição.

"Os deportados eram transferidos em vagões de trem normalmente utilizados para transportar gado, em condições desumanas, nos quais muitos bebês, crianças e idosos morriam antes de chegarem ao destino", lembraram no comunicado.

Nas três repúblicas bálticas foram realizados atos nesta terça-feira para lembrar as deportações sofridas sob a ocupação soviética e que reduziram de forma considerável as respectivas populações.

A presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, se uniu à campanha a favor da memória histórica sob o lema "Fale, escute, siga vivo" e iniciou em Vilnius, a capital do país, a leitura dos nomes de 22 mil lituanos deportados à Sibéria, que deve terminar ao meio-dia de quarta-feira.

O ministro das Relações Exteriores lituano, Linas Linkevicius, também participou do ato, organizado junto ao monumento erguido em lembrança às vítimas da ocupação soviética.

Calcula-se que as deportações de civis dos países bálticos, que começaram na madrugada de 14 de junho de 1941, afetaram mais de 250 mil lituanos, letãos e estonianos.

A eles se somaram cerca de 330 mil cidadãos da Polônia --de etnia polonesa, judia, bielorrussa e ucraniana--, deportados ao longo de vários anos para Cazaquistão, Uzbequistão e Sibéria.

O objetivo era reforçar o poder dos "sovietes" nos países bálticos, ocupados pelo Exército Vermelho um ano antes com o apoio de governos locais influenciados pela URSS, em função do chamado pacto Molotov-Ribbentrop entre a União Soviética e a Alemanha nazista.

"Foi um crime contra a humanidade e intemporal", manifestou o ministro da Justiça da Estônia, Urmas Reinsalu, no ato organizado na Praça da Independência de Tallinn, onde condenou de novo a ocupação soviética e homenageou as vítimas "do terror comunista".

Segundo explicou seu departamento em comunicado, será erguido um monumento na capital do país com os nomes de todos os que perderam a vida durante a ocupação.