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Premiê da Escócia diz que referendo de independência "é altamente provável"

A premiê da Escócia, Nicola Sturgeon, vota no referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, em Glasgow, na Escócia - Robert Perry/AFP
A premiê da Escócia, Nicola Sturgeon, vota no referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, em Glasgow, na Escócia Imagem: Robert Perry/AFP

Em Londres

24/06/2016 09h30

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse nesta sexta-feira (24) que a convocação de um novo referendo de independência na Escócia "é altamente provável", depois que o conjunto do Reino Unido decidiu deixar a União Europeia (UE).

Sturgeon "lamentou" o resultado do referendo realizado ontem, no qual 52% dos britânicos votaram pelo "brexit", e garantiu em entrevista coletiva que vai fazer "o possível" para manter a Escócia na UE.

Ao contrário de Inglaterra e País de Gales, a autonomia escocesa votou majoritariamente em favor da permanência na UE, por isso o governo autônomo considera agora que será tirado do bloco comunitário à força.

"Tal como estão as coisas, a Escócia enfrenta a perspectiva de ser tirada da UE contra sua vontade. Considero que isso é democraticamente inaceitável", declarou a premiê.

A líder independentista afirmou que o "brexit" representa "a mudança material de circunstâncias" que seu governo precisava para contemplar um segundo plebiscito, por isso este "deve estar e está sobre a mesa".

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Nesse sentido, Sturgeon informou que o parlamento escocês começará a preparar "a legislação necessária" para possibilitar uma segunda consulta e seu gabinete se reunirá amanhã para determinar os passos seguintes.

Além disso, a premiê escocesa disse que pedirá ao governo central que permita ao Executivo em Edimburgo estar informado e envolvido em todos os passos da negociação para sair da União Europeia, uma vez que se invoque o Artigo 50 do Tratado de Lisboa.

Sturgeon também antecipou que pedirá uma reunião com o presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker.

O governo do Partido Nacionalista Escocês (SNP) convocou um referendo de independência em 18 de setembro de 2014, no qual os independentistas foram derrotados, depois que 55% da população apoiou a continuidade no Reino Unido.

Em seu discurso de hoje, a primeira-ministra da Escócia lembrou que a derrota dos independentistas nessa consulta foi, em parte, porque os unionistas conseguiram convencer os escoceses que deixar o Reino Unido significaria que a Escócia também ficaria fora da UE, o que acabou ocorrendo no fim das contas.

"Isto significa que há uma mudança material e significativa nas circunstâncias nas quais a Escócia votou contra a independência em 2014", afirmou a premiê.

Por outro lado, Sturgeon opinou que o voto favorável ao "brexit" foi consequência, sobretudo, do "descontentamento" dos cidadãos com os cortes do Partido Conservador e com o abandono do Partido Trabalhista.