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Trump comemora "Brexit" e espera que o mesmo ocorra em outros países

24.mai.2016 - Mural mostra, à esquerda, o empresário norte-americano Donald Trump, pré-candidato republicano à Casa Branca, beijando Boris Johnson, ex-prefeito de Londres pelo Partido Conservador, que defendeu a saída do Reino Unido da UE - Geoff Caddick/AFP
24.mai.2016 - Mural mostra, à esquerda, o empresário norte-americano Donald Trump, pré-candidato republicano à Casa Branca, beijando Boris Johnson, ex-prefeito de Londres pelo Partido Conservador, que defendeu a saída do Reino Unido da UE Imagem: Geoff Caddick/AFP

Em Londres (Inglaterra)

24/06/2016 12h43

Virtual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, o magnata Donald Trump celebrou na Escócia, nesta sexta-feira (24), a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e advertiu que o descontentamento dos britânicos com Bruxelas se estenderá para "muitos outros lugares".

Trump, que viajou para a Escócia para inaugurar um luxuoso complexo de golfe, expressou sua alegria pela "independência" do Reino Unido da UE e felicitou os britânicos por terem retomado "as rédeas de seu país".

O político e empresário americano pisou em solo escocês pouco depois que o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, comunicou sua renúncia do posto, logo após a confirmação da vitória do "Brexit" no referendo de ontem, por 52% contra 48% dos votos.

Enquanto o anúncio do resultado da consulta popular sacudia as Bolsas de Valores europeias e a cotação da libra esterlina afundava, Trump qualificou de "grandioso" o ato dos britânicos.

Essas foram suas palavras assim que saiu do helicóptero que o levava até o hotel e campo de golfe de Turnberry, no condado de Ayrshire, no sudoeste da Escócia, um complexo que o magnata adquiriu em 2014 e onde investiu mais de 200 milhões de libras (R$ 992,6 milhões).

O candidato republicano à presidência dos EUA considerou que as divisões e feridas abertas pelo "Brexit" no Reino Unido "se fecharão", já que, segundo ele, "este é um grande país". Além disso, Trump advertiu que o "descontentamento" dos britânicos com a ordem estabelecida se estenderá para "muitos outros lugares".

"Basicamente, [os britânicos] retomaram as rédeas de seu país. Isto é grandioso. Acho que também estamos indo muito bem nos Estados Unidos e, em essência, é o mesmo que está acontecendo nos Estados Unidos", afirmou Trump.

Após cumprimentar os trabalhadores do complexo e convidados, Trump procedeu com o corte da fita vermelha para inaugurar o projeto turístico, que se soma ao campo de golfe construído em 2012 em Aberdeenshire, no oeste da Escócia.

Apesar das fortes medidas de segurança, a cerimônia foi interrompida pelo humorista britânico Simon Brodkin, que tentou entregar ao magnata, antes de ser retirado por seus seguranças, bolas de golfe vermelhas com uma impressão da suástica nazista.

Fora do recinto, várias pessoas também protagonizaram um protesto pacífico organizado por um grupo que recolheu quase 600 mil assinaturas para pedir que o governo britânico proibisse a entrada do magnata no país por seus comentários racistas e xenófobos.

Na entrevista coletiva posterior, Trump interpretou o "Brexit" como um sinal de que a população na Europa "quer ter independência", exceto os escoceses, que, segundo ele, "não vão querer voltar a passar por essa situação".

O candidato republicano fazia referência ao referendo de independência realizado na Escócia em 2014, quando a maioria da população decidiu permanecer no Reino Unido, apesar de a primeira-ministra escocesa, a nacionalista Nicola Sturgeon, ter voltado a propor hoje outra consulta depois que a maioria do eleitorado da região rejeitou o "Brexit" nas urnas.

"Eu estava aqui quando aconteceu a votação [em 2014]. Não tomei posição, mas posso dizer que foi um período desagradável e imagino que os escoceses não vão querer voltar a passar por isso, embora eles talvez pensem de maneira diferente", argumentou Trump, cuja mãe nasceu na Escócia.

Em contraste com aquela ocasião, Trump se posicionou a favor do "Brexit" desde o início da campanha, com comentários de tom xenofóbico que chegaram inclusive a incomodar alguns partidários da saída do Reino Unido do bloco comunitário.

"Acho que é algo grandioso o que aconteceu. Foi uma votação incrível, muito histórica. As pessoas estão descontentes no mundo todo. Estão incomodadas com as fronteiras, com aqueles que chegam ao país, tomam o controle e ninguém sabe que são", acrescentou o magnata.