"Brexit" pode favorecer partidos europeístas espanhóis
Fernando Pajares.
Madri, 25 jun (EFE).- Em uma Espanha claramente europeísta, se o chamado "Brexit" terá algum impacto nas eleições deste domingo, será para aumentar a participação e favorecer os partidos mais comprometidos com a União Europeia (UE).
Esta é, "grosso modo", a opinião compartilhada pela maioria dos especialistas consultados pela Agência Efe depois que os britânicos decidiram deixar a união continental na quinta-feira, a dois dias das eleições legislativas na Espanha.
Os analistas deixam no ar, como algo sujeito à especulação, se a legenda mais beneficiada será o Partido Popular, de centro-direita, visto que já está no governo e representa o "status quo", ou se prejudica o Podemos (de esquerda e anti-medidas de austeridade), percebido como mais "antissistema".
Um dado indiscutível é que, apesar da crise econômica e segundo as últimas pesquisas, cerca de 70% dos espanhóis acreditam que foi - e é - muito satisfatória a filiação da Espanha à UE.
Ignacio Molina, pesquisador para a Europa do Real Instituto Elcano, comentou que "a relevância desta notícia, como aconteceu outras vezes, pode aumentar a participação nas eleições".
Ele também opinou que "se prevalecer o chamado 'voto do medo', isto favorecerá de alguma maneira o Partido Popular", porque pode ser a reação de quem evita incertezas.
Professor de Ciências Políticas da Universidade Autônoma de Madri, Molina não descarta que o "Brexit" sirva ao Podemos se o eleitor escolher rejeitar "o estabelecido", como fizeram os britânicos com o governo, com a oposição do Partido Trabalhista, com o mundo empresarial e o muito influente centro financeiro internacional da capital, conhecido como "City".
Diego López Garrido, ex-secretário de Estado de Assuntos Europeus no governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, considera que justamente esta atitude "antissistema" - cultivada pelo Podemos e seu aliado eleitoral, o Esquerda Unida - é motivo para pensar que pode prejudicá-los.
"As eleições vão reforçar o europeísmo do povo espanhol e aqueles partidos que melhor o representam. E pode prejudicar a coalizão entre Podemos e Esquerda Unida porque quiseram sair da UE, do euro, da Otan; porque quiseram sair de tudo", afirmou.
Enrique Barón, presidente do Movimento Europeu Internacional e ex-presidente do Parlamento Europeu, tem certeza de que o eleitor "tenderá a apoiar as forças europeístas; ou seja, o PSOE, o PP e também cidadãos", e não a "apostar em aventuras cujo resultado seja absolutamente imprevisível", em clara alusão ao Podemos.
O presidente interino do Governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu calma e serenidade após uma notícia que recebeu "com tristeza".
Seu ministro das Relações Exteriores, José Manuel García Margallo, afirmou que a saída britânica pode aproximar mais "a construção dos Estados Unidos da Europa".
O professor da instituição acadêmica Esade José María de Areilza, também secretário-geral do Aspen Institute, resume assim sua opinião: "A primeira coisa que temos que considerar é que as pesquisas falharam no Reino Unido, por isso que teremos de enfrentar com cautela o que acontecerá neste domingo na Espanha".
"E o segundo, que os eleitores de um país claramente europeísta vão preferir apoiar os partidos que são de sensibilidade moderada e que defendem o europeísmo".
Narciso Michavila, presidente do Gabinete de Análise Demoscópica GAD3, é igualmente muito conciso: "Em meu julgamento, o impacto (do "brexit") vai ser mínimo; pode aumentar a participação eleitoral e, a princípio, deverá favorecer os partidos europeístas".
Para Fermín Bouza, catedrático de Sociologia da Universidade Complutense de Madri e especialista em opinião pública, "não vai haver neste domingo grandes consequências porque, de verdade, não acho que seja um tema politicamente confidencial".
Madri, 25 jun (EFE).- Em uma Espanha claramente europeísta, se o chamado "Brexit" terá algum impacto nas eleições deste domingo, será para aumentar a participação e favorecer os partidos mais comprometidos com a União Europeia (UE).
Esta é, "grosso modo", a opinião compartilhada pela maioria dos especialistas consultados pela Agência Efe depois que os britânicos decidiram deixar a união continental na quinta-feira, a dois dias das eleições legislativas na Espanha.
Os analistas deixam no ar, como algo sujeito à especulação, se a legenda mais beneficiada será o Partido Popular, de centro-direita, visto que já está no governo e representa o "status quo", ou se prejudica o Podemos (de esquerda e anti-medidas de austeridade), percebido como mais "antissistema".
Um dado indiscutível é que, apesar da crise econômica e segundo as últimas pesquisas, cerca de 70% dos espanhóis acreditam que foi - e é - muito satisfatória a filiação da Espanha à UE.
Ignacio Molina, pesquisador para a Europa do Real Instituto Elcano, comentou que "a relevância desta notícia, como aconteceu outras vezes, pode aumentar a participação nas eleições".
Ele também opinou que "se prevalecer o chamado 'voto do medo', isto favorecerá de alguma maneira o Partido Popular", porque pode ser a reação de quem evita incertezas.
Professor de Ciências Políticas da Universidade Autônoma de Madri, Molina não descarta que o "Brexit" sirva ao Podemos se o eleitor escolher rejeitar "o estabelecido", como fizeram os britânicos com o governo, com a oposição do Partido Trabalhista, com o mundo empresarial e o muito influente centro financeiro internacional da capital, conhecido como "City".
Diego López Garrido, ex-secretário de Estado de Assuntos Europeus no governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, considera que justamente esta atitude "antissistema" - cultivada pelo Podemos e seu aliado eleitoral, o Esquerda Unida - é motivo para pensar que pode prejudicá-los.
"As eleições vão reforçar o europeísmo do povo espanhol e aqueles partidos que melhor o representam. E pode prejudicar a coalizão entre Podemos e Esquerda Unida porque quiseram sair da UE, do euro, da Otan; porque quiseram sair de tudo", afirmou.
Enrique Barón, presidente do Movimento Europeu Internacional e ex-presidente do Parlamento Europeu, tem certeza de que o eleitor "tenderá a apoiar as forças europeístas; ou seja, o PSOE, o PP e também cidadãos", e não a "apostar em aventuras cujo resultado seja absolutamente imprevisível", em clara alusão ao Podemos.
O presidente interino do Governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu calma e serenidade após uma notícia que recebeu "com tristeza".
Seu ministro das Relações Exteriores, José Manuel García Margallo, afirmou que a saída britânica pode aproximar mais "a construção dos Estados Unidos da Europa".
O professor da instituição acadêmica Esade José María de Areilza, também secretário-geral do Aspen Institute, resume assim sua opinião: "A primeira coisa que temos que considerar é que as pesquisas falharam no Reino Unido, por isso que teremos de enfrentar com cautela o que acontecerá neste domingo na Espanha".
"E o segundo, que os eleitores de um país claramente europeísta vão preferir apoiar os partidos que são de sensibilidade moderada e que defendem o europeísmo".
Narciso Michavila, presidente do Gabinete de Análise Demoscópica GAD3, é igualmente muito conciso: "Em meu julgamento, o impacto (do "brexit") vai ser mínimo; pode aumentar a participação eleitoral e, a princípio, deverá favorecer os partidos europeístas".
Para Fermín Bouza, catedrático de Sociologia da Universidade Complutense de Madri e especialista em opinião pública, "não vai haver neste domingo grandes consequências porque, de verdade, não acho que seja um tema politicamente confidencial".
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