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Ministra principal da Escócia se mostra otimista em permanência na UE

29/06/2016 17h04

Marta Borrás.

Bruxelas, 29 jun (EFE).- A ministra principal da Escócia, Nicola Sturgeon, mostrou otimismo nesta quarta-feira sobre a possibilidade de encontrar uma via para manter o território na União Europeia apesar do "brexit", mas reconheceu os obstáculos a essa proposta.

Sturgeon foi a Bruxelas hoje para se reunir com os responsáveis das instituições da UE, incluindo o presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, da Eurocâmara, Martin Schultz.

Ao término dos encontros, disse em entrevista coletiva que as conversas foram "efetivas" e que volta para a Escócia com uma sensação de otimismo, após ter encontrado uma "vontade de ouvir". Sturgeon reconheceu, contudo, que não "subestima as dificuldades".

"É um caminho difícil, nunca quis estar em uma situação como esta", disse a ministra principal escocesa.

A líder do Partido Nacional Escocês reiterou que sua visita ocorreu poucos dias depois do voto britânico a favor da saída da UE porque a Escócia quer deixar claro, desde o início das negociações de separação do Reino Unido, que pretende permanecer no bloco.

"De minha parte, enfatizei que a Escócia quer seguir sendo parte da UE. Tenho um dever como ministra principal de buscar uma maneira de responder à vontade democrática dos escoceses", disse Sturgeon, que lembrou a vitória da permanência por mais de 60% na Escócia.

A ministra principal voltou a sugerir a possibilidade de convocar um segundo referendo sobre a independência escocesa do Reino Unido, após o realizado em 2014, para facilitar a sequência na UE.

"Se chegar a um ponto em que a única maneira de manter a relação da Escócia com a UE é nos converter em um país independente, acredito que essa será uma opção que será colocada", alertou.

Na primeira cúpula dos 27 países-membros da UE sem o Reino Unido realizada hoje, tanto o presidente interino do Governo da Espanha, Mariano Rajoy, como o presidente da França, François Hollande, fizeram citações ao caso da Escócia. Ambos concordaram que a negociação sobre a saída será feita com o Reino Unido como todo, e não com apenas uma parte dele.

"Em função de como ocorrer essa negociação, talvez poderemos considerar uma solução ou situação que poderia concernir à Escócia, mas não antes dessa negociação", disse Hollande.

Após as declarações, Sturgeon disse não estar surpresa pela resposta de Rajoy às pretensões escocesas de seguir na UE. "Não me surpreende neste momento, estamos em uma etapa antecipada", afirmou.

Os líderes das instituições europeias, por sua vez, informaram que escutaram a posição de Sturgeon, mas que alertaram a ministra principal da Escócia que não irão interferir em um processo interno.

"Nem Donald Tusk (presidente do Conselho Europeu) nem eu temos a intenção de interferir no processo britânico. Essa não é nossa obrigação nem nosso trabalho", indicou Juncker após a reunião.

Já Tusk recusou um pedido de encontro de Sturgeon, afirmando que esse não era o "momento apropriado". "Ele está muito grato por essa solicitação, mas pensa que não é apropriado, dada a situação depois do voto a favor do 'brexit'", disseram fontes da UE.