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Fortes chuvas deixam mais de 130 mortos na China

24/07/2016 13h11

Pequim, 24 jul (EFE).- As fortes chuvas que atingiram o centro e o norte da China nesta semana já deixaram mais de 130 mortos e muitos desaparecidos, enquanto milhares de pessoas continuam ilhadas pelas inundações, o que pode aumentar o número de vítimas.

Esta é a pior época de chuvas em algumas regiões do país desde finais dos anos 90 e pegou desprevenidos alguns governos locais, que se desculparam com a população pela falta de prevenção e de transparência.

O Ministério de Assuntos Civis da China calcula que 14 milhões de pessoas tenham sido afetadas no país e que 500 mil precisaram ser evacuadas.

A região mais afetada foi a província de Hebei, ao redor de Pequim, onde os últimos dados situam o número de mortos em 130 e o de desaparecidos em 110, entre eles crianças. A essa quantidade se somam os 18 mortos e nove desaparecidos na província central de Henan, também afetada pelo temporal.

Como é habitual neste tipo de desastre na China, os números divulgados pelo governo foram confusos e aumentaram rapidamente neste fim de semana, dias após as chuvas de maior intensidade.

Na cidade de Xingtai, de 500 mil habitantes e cerca de 400 quilômetros ao sul de Pequim, o governo só começou a informar sobre as inundações na sexta-feira passada, o que enfureceu a população.

A indignação gerou um confronto entre os cidadãos e as forças de segurança quando os manifestantes bloquearam uma avenida principal como protesto ao alerta tardio feito pelas autoridades.

"Escutei as pessoas gritando sobre as inundações por volta das duas da manhã. Acordei a minha mulher e meus filhos com pressa e abri a porta. A água chegava até a cintura", relatou ao jornal "China Daily" um residente de Daxian, uma das áreas mais prejudicadas de Xingtai.

Este morador conseguiu se salvar junto com a esposa ao subirem em uma árvore, mas seus filhos não escaparam da correnteza a tempo e morreram afogados.

A imprensa chinesa repercutiu outras cenas dramáticas na província de Hubei, como a de uma mulher de 72 anos que passou seis horas amarrada a uma árvore utilizando como corda as calças do marido, que foi arrastado pela correnteza.

Cerca de 250 mil pessoas desta província estão ilhadas pelas inundações e uma equipe formada por 500 militares e mil soldados, assim como 62 lanchas, foi deslocada ao lugar para ajudar nos trabalhos de resgate.

O prefeito de Xingtai pediu desculpas na noite de sábado pela "inadequada resposta" ao temporal e destacou que as chuvas que atingiram a região foram "as piores" em décadas.

Quatro funcionários do governo provincial de Hebei foram suspensos temporariamente e estão sendo investigados, enquanto as críticas continuam, inclusive da imprensa controlada pelo regime.

O governista "Global Times" publicou em editorial que o desastre vivido no norte da China é "uma combinação de uma catástrofe natural e um erro humano", e reprovou a atitude das autoridades.

O jornal lembra o que ocorreu em Pequim há quatro anos, quando as chuvas deixaram dezenas de mortos e o governo local demorou para divulgar dados reais, o que aumentou a desconfiança dos habitantes da capital.