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Justiça turca ordena detenção de 42 jornalistas

25/07/2016 12h12

(Atualiza especificando que as 42 ordens de detenção são contra jornalistas e acrescenta críticas da AI e mais detalhes)

Istambul, 25 jul (EFE).- A Justiça da Turquia ordenou nesta segunda-feira a detenção de 42 jornalistas acusados de "pertencerem ao ramo de veículos de imprensa" do império econômico vinculado ao grupo de Fethullah Gülen, o teólogo exilado a quem Ancara acusa de ser o cérebro do golpe militar fracassado do dia 15 de julho.

Segundo a emissora "CNNTÜRK", todos os afetados são jornalistas e, segundo verificou a Agência Efe, entre eles há repórteres, apresentadores de televisão, colunistas e escritores.

Entre os que receberam a ordem, 11 estão fora da Turquia, afirma a "CNNTÜRK", que especifica que deles oito deixaram o país após a tentativa de golpe.

Entre os jornalistas em busca e captura está Nazli Ilicak, ex-deputada e conhecida colunista, e sua busca demandou um amplo dispositivo policial na cidade litorânea de Bodrum.

Ilicak foi demitida do jornal pró-governo "Sabah" em 2013 por criticar o governo e defender a investigação anticorrupção promovida por promotores simpatizantes de Gülen.

A Anistia Internacional (AI) se referiu a estas detenções como um "ataque descarado à liberdade de imprensa".

"Ao deter jornalistas, o governo fracassa ao distinguir entre atos criminosos e crítica legítima. Ao invés de sufocar a liberdade de imprensa e intimidar os jornalistas, é vital que as autoridades turcas permitam aos veículos de imprensa fazer seu trabalho e acabar com esta draconiana repressão da liberdade de expressão", reivindicou.

No último ano, as autoridades turcas intervieram em vários jornais e emissoras de televisão gülenistas, onde impuseram administradores e demitiram parte do elenco para mudar a orientação política do meio.

Assim, jornais como "Zaman", "Bugün" e "Millet", firmes aliados do governo islamita até 2013 e adversários desde então, já não estão em mãos de simpatizantes de Gülen, mas seus antigos responsáveis fundaram novos jornais, como "Özgür Düsunce", onde Ilicak trabalhou até agora.