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Autor de massacre no Japão detalhou seus planos em carta para deputado

27/07/2016 01h45

Tóquio, 27 jul (EFE).- O suposto autor do massacre em uma clínica de deficientes psíquicos no Japão detalhou seus planos e motivos para o ataque, em carta enviada a um deputado japonês no mês de fevereiro e publicada nesta quarta-feira integralmente pelos veículos de imprensa do país asiático.

Satoshi Uematsu, suspeito do massacre realizado na madrugada de terça-feira que deixou 19 mortos e 26 feridos, explicou como iria fazer o ataque em uma carta que foi objeto de uma investigação policial e que motivou sua internação temporária em um hospital psiquiátrico.

"O plano será realizado durante o turno da noite, quando há pouco pessoal. Os alvos serão duas instalações onde residem muitos deficientes múltiplos. Os trabalhadores em serviço serão algemados com fios para que não possam se movimentar e nem fazer algum tipo de ligação", afirma a carta com a data de 14 de fevereiro.

"O ato será executado com rapidez e sem atingir em absoluto os funcionários. Após eliminar 260 pessoas nas duas instalações, me entregarei", explicou Uematsu, que então fez vários pedidos para as autoridades, entre eles cumprir uma condenação de dois anos e "ser livre" depois.

Uematsu cometeu o massacre em uma clínica de deficientes psíquicos na cidade de Sagamihara (Província de Kanagawa), onde tinha sido funcionário do local do final de 2012 até fevereiro deste ano, embora em sua carta não detalhava quais seriam os objetivos de seu "plano".

Após os fatos, Uematsu se entregou em uma delegacia perto da clínica, levando as facas utilizadas no ataque.

A carta foi dirigida para Tadamori Oshima, deputado de Kanagawa, embora o suspeito tenha entregue a um policial ao não poder fazer chegar pessoalmente ao político, segundo informações da emissora estatal "NHK".

"Decidi agir hoje pelo bem do Japão e do mundo", afirma o suspeito na carta, onde acrescenta que sua meta é "conseguir um mundo no qual as pessoas com deficiências múltiplas possam receber a eutanásia (...)".

"Acho que atualmente não há nenhuma solução para o modo em que vivem as pessoas com deficiências múltiplas. As pessoas com deficiência só podem criar miséria", acrescenta.

Além desta carta, Uematsu tinha anunciado suas intenções a seus colegas de trabalho e a alguns de seus conhecidos, por isso foi investigado pela polícia e submetido a testes psiquiátricos.

Os médicos especialistas consideraram que poderia ser perigoso e decidiram interná-lo em um centro psiquiátrico em meados de fevereiro - nas mesmas datas em que Uematsu abandonou seu emprego na clínica de deficientes -, embora tenha recebido alta 12 dias depois.

As autoridades concluíram, então, que seu estado tinha melhorado e que já não representava nenhum risco, segundo explicou em entrevista coletiva no véspera um porta-voz de Sagamihara.

O massacre comoveu todo o Japão por se tratar de um dos crimes mais sangrentos de sua história recente.