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Argentina adota homem de 40 anos com síndrome de Down que ficou órfão

A professora Rosita Guizzardi com Pablo Liberini, adotado por ela recentemente - El Río Negro
A professora Rosita Guizzardi com Pablo Liberini, adotado por ela recentemente Imagem: El Río Negro

Em Buenos Aires

13/08/2016 19h05

Rosita Guizzardi, uma professora na província de Río Negro, no sul da Argentina, passou anos ensinando culinária e jardinagem a Pablo Liberini, um homem de 40 anos com síndrome de Down, até que decidiu adotá-lo quando ele ficou órfão. Ambos agora trabalham juntos no mundo da reciclagem.

Pablo assistia às aulas de culinária, jardinagem e artes plásticas que Rosita, de 52 anos, ofereceu durante mais de dez anos na Escola de Educação Especial 11 de Sierra Grande, em Río Negro, algo que serviu de precedente para seu projeto atual.

Esta não é a primeira vez que os dois trabalham juntos, já que Pablo, a pedido de sua mãe biológica, começou a trabalhar como garçom com eles em um restaurante.

"Começou a nos ajudar em um empreendimento gastronômico familiar que tínhamos, para que tivesse contato com trabalho. Ele adorava trabalhar conosco e é muito disciplinado com os horários", explicou Rosita à Agência Efe.

Rosita - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
A professora e seu novo filho durante o trabalho
Imagem: Reprodução/Facebook
Pablo sempre mostrou interesse especial pelo trabalho, pois, segundo a professora, ele gosta de se sentir útil, ajudando os demais, e sofre quando não pode estar entretido com algo.

É por isso que, segundo Rosita, o fato de Pablo aprender uma profissão sempre foi uma prioridade para todos os que vivam em seu entorno.

"Ele se ocupa de sua higiene pessoal, ajuda com os afazeres domésticos, adora cozinhar, faz muito bem a massa para os macarrões e sempre ajuda os outros", afirmou sua mãe adotiva.

Pablo logo se transformou em mais um integrante da família Guizzardi, tanto que, quando seus pais lhe perguntaram com quem gostaria de viver se eles já não estivessem mais presentes, ele respondeu, sem hesitar, que seria com sua professora.

Mas foi apenas alguns anos mais tarde, quando os pais de Pablo morreram, que o homem de 40 anos se incorporou à família da professora de maneira oficial.

"Seus pais pensaram que ele gostaria de viver com algum de seus tios em Buenos Aires, mas ele decidiu ficar em Río Negro conosco", disse Rosita.

"Estamos fazendo mudanças muito pequenas, como a cor de algumas paredes, alguns móveis, para que ele veja aos poucos que seus pais já não estão mais presentes, mas que tudo continua bem", contou a professora.

No momento em que ela falou sobre o tema da adoção com sua família, todos concordaram: Pablo já passava muito tempo com eles e gostaram da ideia da adoção, portanto, Rosita e seu marido decidiram se mudar para a casa onde Pablo vivia.

Agora a relação de Pablo com seus novos irmãos é "perfeita e formidável", segundo a professora.

Para Rosita, seu filho adotivo se transformou em uma "grande companhia", agora que ela acaba de se aposentar.

Assim, ambos decidiram iniciar um pequeno projeto de reciclagem, no qual se dedicam a recolher tampas de garrafas plásticas e as transformam em ladrilhos para os jardins.

"Os 'Ladrilhos Chapita' são uma iniciativa que surgiu das aulas e da inquietação de Pablo para continuar com os trabalhos manuais", comentou Rosita.

Esta pequena empresa, que não nasceu com motivação econômica, tem sua sede na garagem da casa que a família compartilha em Río Negro.

Para levar adiante seu trabalho, os dois não fazem mais que recolher as tampinhas dos locais onde são depositadas pelos moradores ou coletar as suas próprias para montar suas criações.

Um trabalho em equipe com o qual também misturam seu outro passatempo preferido, a jardinagem, pois também fazem vasos decorados com as tampas das garrafas.

"Ficamos entretidos e passamos tempo juntos", concluiu Rosita.