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Justiça adia pela 25ª vez apelação de médico que ajudou a encontrar Bin Laden

19.abr.2016 - Shakil Afridi (centro) em foto de família exibida pelo seu irmão, Jamil - SS Mirza/ AFP
19.abr.2016 - Shakil Afridi (centro) em foto de família exibida pelo seu irmão, Jamil Imagem: SS Mirza/ AFP

Em Islamabad

23/08/2016 06h57

Um tribunal do Paquistão adiou nesta terça-feira (23) mais uma vez a audiência da apelação de Shakil Afridi, médico que ajudou a CIA a encontrar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, após dois anos de recursos contra a sentença que lhe condenou a 23 anos de prisão.

Este é 25º adiamento da audiência do caso de Afridi, que "foi adiada para outubro porque a acusação não foi apresentada ao tribunal", informou Qamar Nadeem, advogado do médico.

"O processo não avança devido à falta de cooperação das autoridades judiciais", já que a administração não apresenta os documentos do caso perante o tribunal, argumentou Nadeem.

Afridi participou de uma falsa campanha de vacinação na cidade paquistanesa de Abbottabad orquestrada pela CIA para conseguir mostras de DNA de Bin Laden e foi detido pouco depois da morte do terrorista em uma operação de comandos especiais dos EUA em maio de 2011.

Um ano depois, Afridi foi condenado a 33 anos de prisão por ligações com grupos terroristas por um tribunal das zonas tribais, que regula o regime jurídico da época colonial britânica e não tem efeito na Constituição do país.

O julgamento do médico, que nunca recebeu uma condenação explícita por alta traição por sua colaboração com a CIA, foi reduzida para 23 anos de prisão em 2014.

Neste mesmo ano, o médico apresentou uma apelação, mas todas foram adiadas.

A condenação do médico foi muito questionada dentro e fora do país, e organismos como a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, denunciaram que foram violados os direitos básicos do preso, como o fato dele não ter tido acesso a um advogado.

A Comissão de Dotações Orçamentárias do Senado dos EUA decidiu em maio de 2012 cortar US$ 33 milhões anuais, um por cada ano de condenação, os US$ 800 milhões em ajuda militar ao Paquistão, em represália pela sentença a Afridi, uma medida que não ajudou ao médico.

Em 2011, comandos americanos mataram Osama Bin Laden no Paquistão, em uma operação secreta realizada sem o conhecimento das autoridades paquistanesas, que denunciaram a violação de seu território.