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Educadores e médicos tentam levar serenidade a vítimas de terremoto

29/08/2016 11h31

Cristina Cabrejas.

Roma, 29 ago (EFE).- Com uma tenda para que as crianças afetadas pelo terremoto que sacudiu o centro da Itália na semana passada possam brincar e com médicos e farmacêuticos prestando assistência aos idosos, os italianos tentam oferecer um pouco de serenidade nos acampamentos de desalojados.

O terremoto de magnitude 6 na escala Richter do último dia 24 deixou sem lar milhares de pessoas, mas as crianças e os idosos necessitam de maior atenção por serem os mais vulneráveis.

As crianças de Amatrice e dos outros vilarejos da região que foram destruídos pelo terremoto não estão mais dormindo em suas casas, com seus avós e pais, e agora vivem em uma tenda de campanha sem nada, e com um drama para superar.

Por isso, além das primeiras necessidades como os serviços de higiene, a comida e um lugar para dormir, a organização "Save The Children" instalou no acampamento montado nas proximidades de Amatrice para receber os desalojados uma tenda na qual são organizadas brincadeiras e atividades para crianças e adolescentes.

No interior dessa tenda, repleta de brinquedos, lápis de cores e com os desenhos das crianças pendurados, os pequenos podem encontrar "um espaço ideal" que os façam se esquecer do lugar onde estão, explicou à Efe uma das porta-vozes do "Save The Children" em Amatrice, Eleonora Tantaro.

"Um dia depois do terremoto, conseguimos montar este espaço onde organizamos atividades socioeducativas com nossos educadores neste tipo de emergência para ajudar as crianças a superar o momento", afirmou Eleonora.

No acampamento de Amatrice, onde há mais de mil pessoas desalojadas, são 25 crianças e adolescentes - com idades entre 2 e 17 anos - que comparecem a esta tenda para passar algumas horas do dia.

"Os pequenos se entretêm desenhando, com brinquedos de madeira e lendo contos, mas, para os mais velhos, estamos organizando outras atividades como um cinema", acrescentou a porta-voz da ONG.

"Desde que as crianças estejam bem, seus pais estarão bem e mais tranquilos. As crianças são os que dão serenidade aos demais", explicou a voluntária.

Além disso, Eleonora reconheceu que sua organização oferece uma ajuda prática aos pais "que podem se dedicar a outras coisas, sabendo que seus filhos estão tranquilos e bem cuidados".

No pequeno município de Pianco Arafranca, onde há cerca de 30 pessoas desalojadas, os bombeiros também pensaram nas crianças e levaram hoje um presente: uma piscina para que os pequenos possam se divertir.

No entanto, a maioria dos desalojados após o terremoto são idosos, que viviam nesses pequenos municípios destruídos e são, sobretudo, os que não querem deixar o lugar onde passaram toda a vida.

A eles foi oferecido, sobretudo, assistência médica. Além disso, o farmacêutico da cidade de Amatrice, Massimiliano Mauro, está agindo em conjunto com a Defesa Civil para que remédios sejam doados aos idosos.

"Sou eu quem os conhece de cor e sabe o que eles tomam", disse o farmacêutico aos meios de comunicação italianos.

A grande preocupação dos mais velhos é que, depois que tiveram que deixar suas casas, perderam todas as receitas, remédios e não se lembram dos medicamentos que tomavam.

Em outro acampamento, em Arquata del Tronto, na província de Ascoli Piceno, o médico da cidade Italo Paolini também se ofereceu para ajudar, junto com três colegas, e manter aberto por 24 horas um ambulatório provisório.

"Tiveram que escapar e agora ficaram sem seus remédios", explicou Paolini sobre a maior preocupação dos idosos de Arquata, que receberam com urgência insulina e anticoagulantes.

Além disso, centenas de voluntários da Defesa Civil italiana e de outras associações continuam com seus trabalhos de assistência, preparando alimentos para os mais de 2 mil desalojados.

As mulheres de Amatrice prepararam no domingo 60 quilos de macarronada "a la amatriciana" para lembrar que, apesar de tudo, fazia 50 anos que este tradicional molho da cozinha italiana, feito de tomate, pancetta e queijo pecorino, foi inventado nessa cidade. EFE

ccg/rpr

(foto)