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Hamas afirma que túneis de Gaza são arma estratégica

25/10/2016 16h07

Gaza, 25 out (EFE).- O Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, declarou nesta terça-feira que os túneis cavados por seus integrantes na Faixa de Gaza "são uma arma estratégica do movimento para defender os direitos do povo palestino".

Em entrevista à Agência Efe, o novo porta-voz do grupo islamita em Gaza, Hazem Qasem, afirmou que o movimento nunca vai parar de empregar todos os meios ao seu alcance, entre eles os militares e principalmente os túneis, "para defender os direitos" de seu povo.

No sábado e na segunda-feira, dois milicianos do Hamas morreram em dois acidentes ocorridos no centro e no sul de Gaza quando trabalhavam na construção de passagens subterrâneas perto da divisória com Israel.

A organização palestina Centro al-Mizan para os Direitos Humanos, com sede em Gaza, calculou em 24 o número de milicianos mortos desde o início do ano enquanto trabalhavam neste tipo de túneis.

Integrantes do braço armado do Hamas, as "Brigadas de Ezedin al-Qassam", geralmente se abstêm de fazer comentários ou dar detalhes à imprensa sobre os trabalhos realizados para perfurar os túneis, que são usados em ações ofensivas contra Israel. As brigadas consideram a questão um segredo e por isso evitam dar detalhes sobre suas localizações ou características.

"É direito de todo povo no mundo que vive sob ocupação resistir com todos os meios possíveis, inclusive os militares (mísseis, armas e túneis), para nos defender contra os incessantes ataques israelenses", afirmou Qasem.

Em 2014, Israel fez sua última operação em grande escala na Faixa, que se prolongou durante 50 dias e causou enormes destruições. O governo israelense assegura ter destruído nessa ofensiva dezenas de túneis cavados pelo Hamas e outras milícias em Gaza com fins ofensivos.

Um dos líderes do Hamas em Gaza, Mahmoud Zahar, disse no início da semana que o movimento se prepara para surpreender a "ocupação israelense caso suas forças invadam novamente o território", e garantiu que o Hamas ficou mais poderoso desde o final do último conflito bélico na região.

As declarações dos líderes do movimento islamita coincidem com uma incomum entrevista concedida pelo ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman ao jornal palestino "Al Quds", realizada em Jerusalém e divulgada na segunda-feira.

"Se eles impuserem outra guerra a Israel, essa guerra será a última para eles, os destruiremos completamente", afirmou o representante israelense.

Em paralelo, comentou que Israel estava preparado para investir em um aeroporto, um porto e um parque industrial na Faixa se o Hamas "parar de construir túneis e lançar mísseis", e que "Gaza poderia ser como Cingapura ou Hong Kong do Oriente Médio".

Diante dessas declarações, Zahar comentou que "de acordo com o direito internacional, Israel é uma potência ocupante e é obrigada a respeitar os direitos legítimos do povo palestino sob ocupação, entre eles o de liberdade de movimento e o de ter seus próprios porto e aeroporto".