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Igreja argentina diz que abrir arquivos da ditadura é "um serviço à pátria"

De Buenos Aires

25/10/2016 16h08

A Conferência Episcopal Argentina (CEA) afirmou nesta terça-feira (25) que a abertura dos arquivos da Igreja sobre a última ditadura militar no país (1976-1983) é "um serviço" à pátria que serve para a "reconciliação dos argentinos".

"Não temos medo dos arquivos. Eles contêm a verdade da história. Os grandes historiadores da Igreja nos mostraram que não se deve ter medo disto", disse, em entrevista coletiva, o arcebispo de Buenos Aires e vice-presidente da CEA, cardeal Mario Aurelio Poli.

Antes, a Secretaria de Estado da Santa Sé e a CEA, em comunicado conjunto, informaram que o Vaticano abrirá "em breve" seus arquivos sobre a ditadura para que possam ser consultados pelos familiares das vítimas, após ser concluída a organização do material. O material está nos arquivos da CEA, da Secretaria de Estado da Santa Sé e na Nunciatura Apostólica em Buenos Aires.

"Todos apreciamos o que os arquivos são na memória histórica. Para a Igreja, os arquivos são um patrimônio cultural muito importante nos 2 mil anos da Igreja a cuidado de seus arquivos em sua organização", acrescentou Poli.

Com a "ordenação e a digitalização" dos arquivos, o arcebispo de Buenos Aires afirmou que a Igreja faz um "serviço" à pátria argentina "para a reconciliação dos argentinos" e "sempre em busca da verdade".

A abertura deste material acontece após um processo de digitalização e organização do material indicado pelo próprio papa Francisco e que, segundo anunciaram hoje, "já terminou". A organização dos arquivos começou a ser feita em 2005 pela Conferência Episcopal.

"Isto é uma parte do trabalho que a Igreja vem realizando para continuar buscando a verdade e a certeza, que nos fará mais livres. Por isso estamos satisfeitos de revisar todos os antecedentes a nosso alcance. Encorajamos outros interessados e pesquisadores a fazer isso nos âmbitos que lhes correspondem", disse, na mesma entrevista coletiva, o arcebispo de Santa Fé e presidente da CEA, José María Arancedo.

Segundo Arancedo, a CEA sempre colaborou com a Justiça quando foi solicitada.  Diferentes organizações, como a Associação Argentina de Familiares de Desaparecidos e as Mães da Praça de Maio, pediram ao papa em diversas reuniões a abertura dos arquivos do Vaticano para poder consultar estes documentos.