Sérvia e o limbo de milhares de refugiados
Luis Lidón.
Belgrado, 29 out (EFE).- Apesar do frio, da dureza da montanha pouco transitada e do medo da brutalidade da Polícia da Bulgária, em média, 200 imigrantes e refugiados chegam diariamente à Sérvia pela Rota dos Balcãs.
Esse caminho, oficialmente extinto em março com o fechamento da fronteira da Macedônia, na verdade continua aberto, embora agora não sejam milhares os que o usem, mas centenas, e a travessia agora é mais difícil e controlada por traficantes.
No centro de Belgrado, em frente ao parque da Faculdade de Economia, estão dezenas de imigrantes que esperam uma oportunidade para seguir a viagem rumo à Alemanha ou a outros países da Europa Ocidental em busca de asilo.
Ahmed, de 17 anos, veio do Afeganistão, atravessando Irã e Turquia. Cruzou o solo turco a pé até a Bulgária, onde pagou US$ 100 (pouco mais de R$ 300) para que um traficante ajudasse seus amigos e ele em uma região montanhosa que levava à Sérvia.
"Na Bulgária, a Polícia fica atrás dos estrangeiros, mas aqui na Sérvia nos tratam bem", relatou à Agência Efe.
Hamxa, um paquistanês de 18 anos, conta que ficará em Belgrado apenas dois dias e seguirá andando até o norte. Os dois jovens afirmam que a Polícia da Sérvia nunca os identificou nem recolheu as impressões digitais.
Iraquiano, Hamid tem 22 anos diz que está esperando que familiares enviem a ele algum dinheiro.
"Sem dinheiro é muito mais difícil continuar", resumiu ele a situação das milhares de pessoas que estão parados na Sérvia.
Diariamente, a Hungria permite um reduzido número de entradas legais, enquanto outros tentam atravessar a pé por algum ponto frágil da cerca que o governo instalou na fronteira.
Quem tem dinheiro, pode pagar um traficante que o levará escondido em um veículo até a Hungria ou a Áustria. Apesar de arriscado, muitos preferem isso a esperar na Sérvia. Recentemente, as autoridades sérvias informaram que o país já tem 7 mil refugiados e seus centros de amparo possuem apenas 6 mil vagas.
Em um encontro com jornalistas internacionais, a ministra para a Integração na UE, Jadranka Joksimovic, criticou a pouca ajuda dada pelo bloco.
"Não esperávamos muito dinheiro porque não somos um país-membro, mas quando escutamos que a Grécia recebeu milhões e a Bulgária também, devemos lembrar que quem chega aqui veio de um desses países", destacou Joksimovic.
Ela lembra que seu país não quis levantar cercas, como fizeram Hungria, Croácia, Macedônia e Bulgária, e que a população sérvia tem "empatia" com o tema por conta de sua trágica experiência nas guerras da antiga Iugoslávia.
Mas lamenta que, depois do acordo migratório com a Turquia, "a situação nos Bálcãs Ocidentais parou de ser assunto", enquanto as pessoas continuam chegando, embora em menor número.
Mesmo sendo sensível ao tema, ela ressalta que o entorno está mudando aos poucos com relação ao tipo de imigrante que tem chegado em comparação a 2015.
"Há um ano, recebíamos sírios de classe média, famílias com crianças. Hoje, os imigrantes que chegam são, em sua maioria, homens jovens do Afeganistão e do Paquistão", disse.
A ministra lembra que a Sérvia é um país de passagem e que os refugiados não querem ficar, por isso é questão de tempo irem embora.
"Mas se as pessoas viverem ou perceberem incidentes ou provocações com essas pessoas, o ambiente poderia mudar rapidamente" e ser usado por setores ultradireitistas, advertiu Joksimovic.
Fontes oficiais sérvias disseram à Efe que dos cerca de 200 imigrantes e refugiados que entram por dia no país, 75% diz vir do Afeganistão.
No início deste mês, centenas de refugiados fizeram uma passeata de Belgrado até a fronteira húngara, situada a cerca de 190 quilômetros, para reivindicar sua abertura. O protesto acabou de forma pacífica e os refugiados foram enviados a abrigos, mas essa é uma mostra do desespero de muitos pela impossibilidade de continuar a desgastante viagem.
"Não podemos prever se o número de migrantes vai crescer ou se manter neste nível, mas a experiência nos mostra que com o inverno diminui o número de chegadas", explicou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) na Sérvia, Mirjana Milenkovski.
Belgrado, 29 out (EFE).- Apesar do frio, da dureza da montanha pouco transitada e do medo da brutalidade da Polícia da Bulgária, em média, 200 imigrantes e refugiados chegam diariamente à Sérvia pela Rota dos Balcãs.
Esse caminho, oficialmente extinto em março com o fechamento da fronteira da Macedônia, na verdade continua aberto, embora agora não sejam milhares os que o usem, mas centenas, e a travessia agora é mais difícil e controlada por traficantes.
No centro de Belgrado, em frente ao parque da Faculdade de Economia, estão dezenas de imigrantes que esperam uma oportunidade para seguir a viagem rumo à Alemanha ou a outros países da Europa Ocidental em busca de asilo.
Ahmed, de 17 anos, veio do Afeganistão, atravessando Irã e Turquia. Cruzou o solo turco a pé até a Bulgária, onde pagou US$ 100 (pouco mais de R$ 300) para que um traficante ajudasse seus amigos e ele em uma região montanhosa que levava à Sérvia.
"Na Bulgária, a Polícia fica atrás dos estrangeiros, mas aqui na Sérvia nos tratam bem", relatou à Agência Efe.
Hamxa, um paquistanês de 18 anos, conta que ficará em Belgrado apenas dois dias e seguirá andando até o norte. Os dois jovens afirmam que a Polícia da Sérvia nunca os identificou nem recolheu as impressões digitais.
Iraquiano, Hamid tem 22 anos diz que está esperando que familiares enviem a ele algum dinheiro.
"Sem dinheiro é muito mais difícil continuar", resumiu ele a situação das milhares de pessoas que estão parados na Sérvia.
Diariamente, a Hungria permite um reduzido número de entradas legais, enquanto outros tentam atravessar a pé por algum ponto frágil da cerca que o governo instalou na fronteira.
Quem tem dinheiro, pode pagar um traficante que o levará escondido em um veículo até a Hungria ou a Áustria. Apesar de arriscado, muitos preferem isso a esperar na Sérvia. Recentemente, as autoridades sérvias informaram que o país já tem 7 mil refugiados e seus centros de amparo possuem apenas 6 mil vagas.
Em um encontro com jornalistas internacionais, a ministra para a Integração na UE, Jadranka Joksimovic, criticou a pouca ajuda dada pelo bloco.
"Não esperávamos muito dinheiro porque não somos um país-membro, mas quando escutamos que a Grécia recebeu milhões e a Bulgária também, devemos lembrar que quem chega aqui veio de um desses países", destacou Joksimovic.
Ela lembra que seu país não quis levantar cercas, como fizeram Hungria, Croácia, Macedônia e Bulgária, e que a população sérvia tem "empatia" com o tema por conta de sua trágica experiência nas guerras da antiga Iugoslávia.
Mas lamenta que, depois do acordo migratório com a Turquia, "a situação nos Bálcãs Ocidentais parou de ser assunto", enquanto as pessoas continuam chegando, embora em menor número.
Mesmo sendo sensível ao tema, ela ressalta que o entorno está mudando aos poucos com relação ao tipo de imigrante que tem chegado em comparação a 2015.
"Há um ano, recebíamos sírios de classe média, famílias com crianças. Hoje, os imigrantes que chegam são, em sua maioria, homens jovens do Afeganistão e do Paquistão", disse.
A ministra lembra que a Sérvia é um país de passagem e que os refugiados não querem ficar, por isso é questão de tempo irem embora.
"Mas se as pessoas viverem ou perceberem incidentes ou provocações com essas pessoas, o ambiente poderia mudar rapidamente" e ser usado por setores ultradireitistas, advertiu Joksimovic.
Fontes oficiais sérvias disseram à Efe que dos cerca de 200 imigrantes e refugiados que entram por dia no país, 75% diz vir do Afeganistão.
No início deste mês, centenas de refugiados fizeram uma passeata de Belgrado até a fronteira húngara, situada a cerca de 190 quilômetros, para reivindicar sua abertura. O protesto acabou de forma pacífica e os refugiados foram enviados a abrigos, mas essa é uma mostra do desespero de muitos pela impossibilidade de continuar a desgastante viagem.
"Não podemos prever se o número de migrantes vai crescer ou se manter neste nível, mas a experiência nos mostra que com o inverno diminui o número de chegadas", explicou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) na Sérvia, Mirjana Milenkovski.
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