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Michel Aoun, velho líder militar e conhecedor do jogo político no Líbano

31/10/2016 14h09

Kathy Seleme.

Beirute, 31 out (EFE).- Eleito como o 13º presidente do Líbano após a independência em 1943, o general Michel Aoun é uma figura incontestável do cenário político e militar do país.

Aoun nasceu em fevereiro de 1935 no bairro de Haret Hreik, em Beirute, em uma família humilde. A carreira militar era a única saída trabalhista. Rapidamente, ele chegou a comandante de uma unidade de elite e, mais tarde, chefe do Exército do Líbano.

Em setembro de 1988, o então presidente Amin Gemayel nomeou Aoun à frente de um governo militar que liderasse o país, depois de o parlamento ter falhado em escolher seu sucessor. No entanto, o muçulmano Selim ao Hoss, ex-primeiro-ministro, considerou a nomeação inconstitucional e governou de forma paralela aos militares.

Durante os dois anos nos quais Aoun esteve no poder, o caos e a divisão se aprofundaram no Líbano, sobretudo após a rejeição aos acordos de Taif, firmado pelos deputados cristãos e muçulmanos, com mediação da Liga Árabe, em setembro de 1989.

Considerado carismático por seus seguidores e odiado pelos críticos, Aoun lançou nos seus dois anos de governo a "guerra de libertação" contra a presença síria no Líbano e conseguiu desarmar a milícia cristã Força Libanesa, liderada por Samir Geagea.

Depois da recusa de aceitar os acordos apoiados pela comunidade internacional, em outubro de 1990, aviões sírios bombardearam o palácio presidencial de Baabda e as poucas regiões ainda controladas pelo general no país. No mesmo dia, Aoun se rendeu e se refugiou na embaixada da França em Beirute, conseguindo asilo político.

Desde então, o general permaneceu exilado na França por 15 anos. Em 1996, fundou a Corrente Patriótica Livre, um movimento de resistência contra a ocupação síria, que chegou ao fim em 2005, após o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri.

Aoun voltou a Beirute em maio de 2005, depois da saída das tropas sírias, provocada pela morte de Harriri. Nas eleições parlamentares desse ano, o general se elegeu e formou o grupo Bloco da Mudança e da Reforma, integrado por 14 deputados.

Em agosto de 2006, o general concluiu uma aliança com a coalizão pró-síria Forças de 8 de Março, integrada pelos grupos xiitas Hezbollah e Amal, que se transformou em uma das plataformas mais importantes de oposição ao governo de Fouad Siniora, líder do grupo parlamentar de Hariri, a Corrente do Futuro.

Um ano depois, Aoun se candidatou para suceder Émile Lahoud na presidência, mas acabou derrotado por Michel Suleiman, depois de em abril de 2008 o Hezbollah ter tomado brevemente o controle do setor oeste de Beirute, de maioria muçulmana.

No fim de 2008, Aoun selou definitivamente sua aliança com o campo pro-sírio, com uma visita a Irã e Síria, onde defende "boas relações" com Damasco. Nas eleições gerais de 2009, o partido do general foi o segundo mais votado.

Apesar de não ter contado com os apoios necessários para ser eleito, devido às desavenças entre grupos parlamentares rivais, Aoun tinha afirmado recentemente que ele "ou ninguém" ocuparia a presidência do Líbano.