Topo

Governo do Burundi faz piada de críticas por possível genocídio no país

24/11/2016 12h09

Nairóbi, 24 nov (EFE).- O governo do Burundi fez piada nas redes sociais sobre o recente relatório da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) no qual alerta sobre o perigo de a crise violenta no país derivar em um genocídio contra os tutsi.

Sob a hashtag #ThisIsMyGenocide (este é o meu genocídio), o porta-voz presidencial, Willy Nyamitwe, lançou uma campanha através do Twitter para fazer piada sobre as denúncias que acusam seu governo de crimes contra a humanidade.

"Nós desfrutamos da paz, da alegria de viver em harmonia, hutu, tutsi e twa, apesar de a FIDH querer nos dividir", escreveu nesta quinta-feira o porta-voz em sua conta da rede social, onde publicou fotos com gatos, brincando ou dançando para mostrar a aparente normalidade na qual vive seu país.

Sua atitude foi apoiada por muitos cidadãos que publicaram fotografias similares ou imagens pacíficas cotidianas, embora também tenha despertado várias críticas que qualificam de "imoral e indecente" esta campanha.

"Os funcionários do governo do Burundi acreditam que é legal rir das atrocidades que estão sendo cometidas no Burundi", lamenta outro usuário deste país imerso em uma grave crise desde metade do ano passado, quando seu presidente, Pierre Nkurunziza, concorreu a um terceiro mandato contra a Constituição.

Desde então, morreram centenas de pessoas e cerca de meio milhão foram obrigadas a deixar seus lares, segundo dados da ONU, que também alertou sobre um possível genocídio e acusou o governo de crimes contra a humanidade.

Na semana passada, a FIDH apresentou, sob a hashtag #StopThisMovie (Paremos este filme), um trailer fictício do filme inexistente "Genocídio no Burundi", junto a um relatório no qual denunciava crimes contra a humanidade cometidos supostamente pelas autoridades.

Hoje, a Federação contabiliza mais de mil assassinatos, 8 mil prisioneiros políticos, milhares de detenções arbitrárias, entre 300 e 800 desaparições, centenas de torturas e estupros e mais de 310 mil pessoas empurradas ao exílio.

A Tribunal Penal Internacional abriu uma causa para determinar a possível responsabilidade do governo de Nkurunziza, que reagiu proibindo a entrada dos investigadores da ONU e anunciou sua retirada do marco jurisdicional de Haia.

jem/ff