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Gâmbia realiza eleições em meio a grave crise econômica e social

30/11/2016 17h29

Banjul, 30 nov (EFE).- Cerca de 900 mil cidadãos de Gâmbia devem ir amanhã às urnas para escolher seu presidente em um cenário de crise econômica e após uma onda de prisões de membros da oposição, que cobram maior transparência nas leis eleitorais.

No poder desde 1994, Yahya Jammeh, de 51 anos, tenta seu quinto mandato para manter "a paz, a estabilidade e o desenvolvimento econômico" no país.

Jammeh enfrentará nas urnas Adama Barrow, candidato do Partido Democrático Unido (UDP, na sigla em inglês), respaldado por uma coalizão de sete grupos opositores, e Mammah Kandeh, líder do Congresso Democrático Gambiano (CDG).

As eleições serão realizadas enquanto 30 opositores, entre eles o maior adversário político de Jammeh, Ousainu Darboe, estão presos por participarem de uma manifestação pacífica em abril para exigir uma modificação na lei eleitoral que desse mais transparência ao processo.

Jammeh chegou à presidência após um golpe de Estado que acabou com o regime de Dawda Jawara, que ficou à frente da Gâmbia desde a independência do Reino Unido, em 1965.

O líder gambiano foi acusado com frequência de exercer uma violenta repressão política, de restringir a liberdade de imprensa e de violar direitos humanos, especialmente dos homossexuais.

Neste sentido, o governo nunca esclareceu as circunstâncias do assassinato em 2004 do jornalista Dayda Haidara, enquanto nos últimos anos vários membros dos serviços de segurança foram detidos por uma suposta conspiração contra o presidente.

Além disso, vários jornalistas e opositores desapareceram após serem presos pela polícia secreta gambiana, a temida Agência de Inteligência Nacional (NIA, na sigla em inglês).

Em meio a estas graves acusações, a Gâmbia se junta a África do Sul e Burundi ao anunciar sua saída do Tribunal Penal Internacional, ao qual acusa de ser uma instituição dedicada a julgar exclusivamente dirigentes africanos.

Contudo, foi a crise econômica o tema que dominou o debate durante a campanha eleitoral encerrada ontem.

A Gâmbia se encontra à beira da falência, e em março pediu uma ajuda urgente ao Fundo Monetário Internacional para sanear suas finanças e evitar o colapso de várias empresas públicas.

Além disso, a crise financeira obrigou o presidente a tomar medidas drásticas para conter a desvalorização vertiginosa da moeda local, o dalasi.

O líder ordenou que nenhum banco cotasse o dólar a mais de 45 dalasis, e proibiu a saída do país de qualquer pessoa com mais de US$ 10 mil ou o equivalente em libras e euro.

Os programas econômicos impulsionados por Jammeh não conseguiram garantir a estabilidade macroeconômica, como também não acabaram com a pobreza dos gambianos, pois a maioria ainda vive com menos de US$ 2 por dia.

Seu principal adversário, Adama Barrow, um empresário de 51 anos, pediu aos eleitores para darem fim aos "25 anos de regime autoritário" escolhessem um governo que respeite com os direitos humanos e melhore suas relações internacionais.

Os eleitores da Gâmbia, um país de aproximadamente 11.300 quilômetros quadrados e cerca de 1,9 milhão de habitantes, votarão em mil colégios eleitorais.