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Em despedida, Raúl Castro diz que Fidel liderou "revolução dos humildes, para os humildes"

Em Havana

30/11/2016 05h10

O presidente de Cuba, Raúl Castro, homenageou na terça-feira (29) seu irmão Fidel Castro com um discurso onde fez uma revisão histórica dos marcos vividos juntos na Praça da Revolução de Havana, desde a reforma agrária até a morte de Ernesto Che Guevara ou o dramático "período especial".

"É aqui onde nós celebramos nossas vitórias, te dizemos junto a nosso abnegado, combativo e heroico povo: Até a vitória, sempre!" disse Raúl Castro, o último a discursar no ato de homenagem celebrado para se despedir do comandante da Revolução cubana, morto na última sexta-feira (25), aos 90 anos.

Esta é a primeira intervenção pública do presidente desde que a última sexta, quando fez um anúncio transmitido pela rede de televisão estatal, divulgando a morte de seu irmão Fidel, que há dez anos delegou a ele o poder por causa de uma doença.

Raúl Castro iniciou seu discurso com uma mensagem de "sincera gratidão" em nome do povo cubano, do Partido Comunista e da família Castro pelas "emocionantes palavras" pronunciadas no ato desta tarde, e as "extraordinárias e incontáveis mostras de solidariedade, afeto e respeito recebidas de todo o planeta nesta hora de dor e de compromisso".

Fidel "dedicou sua vida à solidariedade, liderou uma revolução socialista dos humildes, pelos humildes e para os humildes que se tornou em um símbolo da luta anticolonialista, anti-apartheid e anti-imperialista, pela emancipação e a dignidade dos povos", afirmou.

"Seus vibrantes palavras ressoam hoje nesta praça", afirmou, antes de recordar alguns dos principais eventos ocorridos nesse emblemático cenário de Havana, momentos importantes da Revolução Cubana, onde neste mesmo lugar lotou de gente para escutar Fidel Castro como hoje o estava a despedida do antigo líder.

Neste espaço, o líder cubano ratificou a Lei da Reforma Agrária, uma das primeiras medidas econômicas mais importantes após o triunfo da Revolução.

Também foi ali onde aconteceram as primeira e segunda declarações de Havana de 1960 e 1962, que reafirmaram a soberania da ilha e sua relação com as comunistas União Soviética e China.

"Diante das agressões apoiadas pela Organização dos Estados Americanos, Fidel proclamou que, por trás da pátria, por trás da bandeira livre, por trás da revolução redentora, há um povo digno, disposto a defender sua independência e o comum destino da América Latina livre", prosseguiu.

Raúl lembrou que como estava ao lado do seu irmão em um dos edifícios perto da Praça da Revolução quando, em 1960, a sabotagem do navio francês "La Couvre" que transportava uma carga de armas, deixou 101 mortos na baía de Havana.


"E aqui com ele fez a declaração de Cuba como território livre do analfabetismo em dezembro de 1961", relatou Raúl Castro, se referindo a Campanha de Alfabetização iniciada neste ano citado, onde aprenderam a ler e escrever 707 mil cubanos e que tornou a educação gratuita todos em bastião da revolução socialista.

A Praça da Revolução também foi testemunha, em 2000, do momento em que Fidel Castro expôs seu "conceito de Revolução", e do respaldo aos acordos dos congressos do Partido Comunista.

"Nesse mesmo espírito veio nestes dias o povo com uma grande participação dos jovens para prestar homenagens e Jurar lealdade as ideias e a obra do líder da Revolução Cubana", disse Raúl Castro.

Foi nesta praça o lugar "onde nos reunimos durante mais de meio século em momentos de dor extraordinária ou para honrar os nossos mártires, proclamar nossos ideais, reverenciar nossos símbolos e consultar o povo para importantes decisões", disse.

"É aqui onde nós celebramos nossas vitórias, te falamos ao lado do nosso abnegado, combativo e heroico povo: "Até a vitória, sempre!", concluiu o presidente cubano sob os gritos de "Eu sou Fidel" e "Raúl, amigo, o povo está contigo".