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Bolívia vê abertura do mercado brasileiro de gás como oportunidade histórica

25/12/2016 20h22

La Paz, 25 dez (EFE).- O ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Luis Alberto Sánchez, disse neste domingo que a abertura do mercado brasileiro de gás é uma oportunidade histórica, porque desse modo seu país poderá vender diretamente para empresas privadas com melhor preço.

Em entrevista ao programa da TV estatal "El pueblo es noticia", ele disse que ainda não está certo se no contrato de importação de gás que o Brasil tem que renovar com a Bolívia em 2019 toda a compra de gás será feita pela Petrobras ou também por empresas privadas. Atualmente, a Bolívia envia 32 milhões de metros cúbicos diários de gás natural ao Brasil e a importação é feita através da Petrobras, mas isso poderia mudar em breve.

Sánchez disse também que o Ministério e a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) estão ajustando um acordo para explorar dois campos de hidrocarbonetos na Bolívia.

"Estamos a ponto de fechar para que sejam explorados conjuntamente dois 'megacampos', San Telmo e Astillero, entre YPFB Chaco e Petrobras", afirmou.

No início de novembro, o ministro de Minas e Energia brasileiro, Fernando Coelho Filho, visitou a cidade de Santa Cruz de La Sierra para assinar um acordo de investimento em exploração de campos de gás por cerca de US$ 1,2 bilhão.

O ministro boliviano também fez referência aos planos do governo para produzir energia elétrica e se tornar o "coração energético da América do Sul" na próxima década. Segundo ele, o Brasil demanda de 5 mil a 7 mil novos megawatts a cada ano, e a Argentina, 1 mil, enquanto a Bolívia só consome 1,5 mil megawatts, por isso tem muito potencial para exportar energia aos países vizinhos.

"Temos muitos recursos, somos pequenos, nossos preços de operação são baixos, e somos altamente competitivos para entrar nos mercados tanto do gás, quanto de derivados do gás, e no setor elétrico", explicou.

Segundo Sánchez, a Empresa Nacional de Eletricidade da Bolívia (Ende) investiu US$ 1,5 bilhão neste ano (número mais alto até o momento) e continuará aumentando seus esforços financeiros. Também defendeu alguns projetos hidrelétricos, como as represas de Bala e de Chepete, no departamento de La Paz, que com um investimento de US$ 6 bilhões gerou críticas pelos impactos ambiental e social em áreas indígenas.

Ele garantiu que os projetos têm muitos propósitos e, além de servir para exportar energia elétrica, contribuirão para melhorar sistemas de irrigação e para abastecer as populações urbanas com água.

Na entrevista, o ministro explicou que no médio prazo a Bolívia pretende deixar de produzir eletricidade com gás para fazer isso mediante fontes renováveis como as hidrelétricas, o que teria um impacto positivo na luta contra a mudança climática, já que deixaria de emitir toneladas de dióxido de carbono (CO2).

Conforme os planos do governo, em 2020 será produzido um excedente de 2,5 mil megawatts de eletricidade, e em 2025 haverá 9 mil megawatts só para mercados de exportação.