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Boliviana morre após ser amarrada em árvore com formigas venenosas

04/01/2017 22h07

La Paz, 4 jan (EFE).- Uma boliviana de 52 anos morreu após sofrer o ataque das formigas venenosas que viviam em uma árvore ao qual foi amarrada junto a seus dois filhos por uma multidão que os acusou de tentar roubar carros, informaram nesta quarta-feira fontes oficiais.

O linchamento aconteceu no sábado passado, dia 31 de dezembro, na cidade amazônica de Caranavi, 156 quilômetros ao nordeste da capital La Paz, mas o caso só foi divulgado hoje após ser confirmado por fontes policiais e uma advogada da família das vítimas.

A mulher e seus filhos foram espancados e amarrados pela multidão ao que chamam de "pau santo", que era a árvore onde havia esse formigueiro, após serem acusados de tentar roubar carros nessa cidade.

Agentes policiais resgataram as vítimas, mas a mulher morreu pouco depois em um hospital e seus dois filhos, que são maiores de idade, ainda se recuperam dos ferimentos.

Os filhos da mulher negaram ser ladrões e disseram à polícia que foram a Caranavi para tentar cobrar dívidas.

Segundo a advogada Roxana Bustillos, a mulher morreu por uma broncoaspiração supostamente porque as formigas lhe picaram na traqueia, provocando uma inflamação que lhe impediu de respirar, indicou o portal informativo "Urgente.bo".

A advogada acrescentou que se trata de um ato de "barbárie" porque mostra que não há respeito "aos valores humanos, aos direitos e às garantias constitucionais".

Os casos de linchamentos são relativamente frequentes na área rural e alguns bairros periurbanos da Bolívia, e segundo a Defensoria Pública do país, em 2015 ocorreram 32 tentativas, das quais cinco terminaram em morte.

Em algumas ocasiões, os que cometem os linchamentos se justificam pela "justiça comunitária", reconhecida na Constituição boliviana de 2009, mas as autoridades explicaram várias vezes que esse sistema judiciário não admite castigos brutais nem a pena de morte.