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EI perdeu quase 25% de seu território em 2016, diz empresa de consultoria

19/01/2017 08h35

Beirute, 19 jan (EFE).- O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) perdeu em 2016 quase um quarto do território que dominava na Síria e no Iraque no ano anterior, inclusive algumas áreas-chave, o que representa um retrocesso sem precedentes, garantiu nesta quinta-feira a empresa de consultoria de segurança IHS Markit.

De acordo com seus dados, o "califado" autoproclamado pelos jihadistas em junho de 2014 perdeu terreno durante todo o último ano, passando de um território de 78 mil metros quadrados para 60,4 mil, uma superfície equivalente à metade do território da Coreia do Norte.

Esta redução significa que o EI perdeu 23% do território que dominava em 2016, contra 14% que deixou de controlar em 2015, explicou a empresa de consultoria em comunicado.

"O Estado Islâmico sofreu perdas sem precedentes de território em 2016, incluídas áreas-chave e vitais para o projeto de governo do grupo", considerou o analista Columb Strack, diretor do IHS Conflict Monitor (monitoramento de conflitos da IHS).

Strack ressaltou que esse retrocesso ocorreu apesar de o EI ter tomado em dezembro a cidade monumental de Palmira, na Síria, das forças governamentais, aproveitando que estas estavam ocupadas com sua ofensiva em Aleppo.

No Iraque, o exército nacional progrediu de forma constante nos distritos do leste da cidade de Mossul, principal reduto do EI neste país, enquanto a milícia xiita pró-governo Multidão Popular vem avançando pelo oeste para impedir que os radicais obtenham provisões, lembrou a companhia na nota.

Assim, a IHS Markit previu que os efetivos leais ao governo de Bagdá retomarão Mossul na primeira metade deste ano e que, depois, se concentrarão em Hauiya, o último foco de resistência do EI, que os jihadistas usam como base para lançar atentados contra a capital iraquiana.

Expulsar os extremistas da cidade de Al Raqqa, na Síria, em 2017 será "muito mais problemático" que Mossul, dada a complexidade da situação política e militar, advertiu a empresa de consultoria.

"Al Raqqa representa o núcleo do EI e é improvável que a abandone sem lutar. Possivelmente será necessária uma grande intervenção no terreno por parte de um dos principais atores externos, EUA, Turquia, Rússia e das forças governamentais sírias apoiadas pelo Irã", indicou Strack.

No comunicado, a companhia ressaltou que as Forças da Síria Democrática (FSD), uma aliança liderada pelas milícias curdas, alcançaram avanços significativos no noroeste da província de Al Raqqa, com o apoio da coalizão internacional liderada pelos EUA, e de assessores das forças especiais americanas.

No entanto, a firma de consultoria indicou que o progresso ficou bloqueado no triângulo formado pelos rios Eufrates e Balij, uma região agrícola com grande densidade de população.

Por outro lado, a IHS Markit afirmou que o retrocesso sofrido pelo EI no Iraque e na Síria ameaça sua coesão interna, segundo revelam publicações internas do grupo e os discursos de seus ideólogos.

A IHS Markit tem sua sede em Londres e é uma empresa de consultoria que oferece serviços de análise sobre segurança, inteligência e finanças.