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Senado dos EUA confirma general James Mattis como secretário de Defesa

O general da reserva James Mattis depõe em sabatina no Senado americano para o cargo de secretário de Defesa - Jonathan Ernst /Reuters
O general da reserva James Mattis depõe em sabatina no Senado americano para o cargo de secretário de Defesa Imagem: Jonathan Ernst /Reuters

Em Washington

20/01/2017 22h00

O Senado dos Estados Unidos confirmou nesta sexta-feira (20) a nomeação do general reformado James Mattis como novo secretário de Defesa, e com isso ele foi o primeiro membro do governo do novo presidente, Donald Trump, a receber o sinal verde.

Mattis, de 66 anos e conhecido pelo apelido 'Cachorro Louco', é o primeiro militar aposentado a liderar o Pentágono em 65 anos, e sua nomeação quebra a tradição americana de ter um civil no controle das Forças Armadas.

Poucas horas antes do anúncio da confirmação, Trump assinou a isenção legislativa - aprovada pelo Senado - à lei que proibia que um militar aposentado há menos de sete anos, como é o caso de Mattis, pudesse assumir o comando do Departamento de Defesa.

Em sua audiência de confirmação no Senado, no último dia 12, o veterano militar mostrou-se crítico em relação à postura da Rússia no mundo e alertou para o risco de que os Estados Unidos percam influência se não mantiverem Forças Armadas fortes.

Mattis, considerado tanto por democratas como republicanos um militar de grande valia e até capaz de se opor a Trump se necessário, se distanciou várias vezes na audiência das ideias expostas no passado pelo novo presidente sobre segurança e defesa.

O veterano general de quatro estrelas da Infantaria da Marinha disse que a ordem mundial estabelecida pelos Estados Unidos durante mais de meio século está diante de "sua maior ameaça desde a Segunda Guerra Mundial por parte da Rússia, do terrorismo e do comportamento da China no Mar da China Meridional".

Apesar de defender para os EUA o ganho de "novos aliados" no mundo todo, ele afirmou que a Rússia do presidente Vladimir Putin quer "romper a Otan", e que Washington precisa "lidar" melhor com a emergência da situação da China, tarefa para a qual deve focar na dissuasão militar e no "diálogo".

O general é criticado por comentários polêmicos que fez, e muitos analistas temem que sua tendência a falar de forma muito clara possa lhe causar problemas como secretário de Defesa.

Mattis é o primeiro militar de carreira a chefiar o Departamento de Defesa desde 1951, quando o general George Marshall o fez no governo Harry Truman.

Em 2010, ele chegou ao topo de sua carreira militar ao ser nomeado chefe do Comando Central, órgão responsável pelas operações no Oriente Médio, no lugar do general David Petraeus.

Como chefe do Comando Central, o "Cachorro Louco" dedicou grande parte de seus esforços ao Irã, país ao qual vê como principal ameaça para a estabilidade da região, acima de organizações terroristas como o Estado Islâmico (EI) e a Al Qaeda.

Foi justamente essa obstinação com o Irã o que supostamente lhe custou o posto em 2013, quando foi forçado a sair por tensões com o governo do ex-presidente Barack Obama, embora atualmente diga que apoia o atual acordo nuclear com o país islâmico.

Fora do posto, Mattis declarou ao Congresso que a estratégia de Obama de sair da região tinha contribuído para o fortalecimento do extremismo, uma opinião que chamou a atenção de Trump.