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Sem os EUA, Japão, Austrália e outros países buscam "plano B" para TPP

24/01/2017 10h22

Tóquio/Sydney, 24 jan (EFE).- Japão, Austrália e outros países signatários do Tratado Transpacífico (TPP) intensificaram nesta terça-feira os contatos para buscar um "plano B" para o acordo após a saída dos Estados Unidos e ventilam até a adesão da China.

O novo presidente dos EUA, Donald Trump, cumpriu ontem a promessa eleitoral de retirar o país do TPP, peça fundamental da política externa de seu antecessor, Barack Obama, para conter a expansão de Pequim na região Ásia-Pacífico.

Os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe, e da Austrália, Malcom Turnbull, as duas maiores economias do TPP junto dos EUA e do Canadá, começaram a tentar salvar o acordo apesar da saída da principal economia mundial. E, apesar da decisão de Trump, eles ainda esperam que o republicano volte atrás.

"Existe a possibilidade que o TPP prospere sem os EUA", afirmou Turnbull após conversar com Abe e com os primeiros-ministros da Nova Zelândia, Bill English, e de Cingapura, Lee Hsien Loong.

O Japão, por outro lado, avaliou que um eventual acordo sem os EUA seria "sem sentido" por desequilibrar a balança entre os interesses fundamentais dos países envolvidos. Koichi Hagiuda, um porta-voz do governo, destacou a intenção de Abe de convencer Trump sobre as vantagens do acordo para a economia americana.

Visto como uma engrenagem fundamental dentro do "Abenomics", o plano de crescimento econômico de Abe, e como contrapeso crescente da influência da China na região, o TPP foi ratificado até o momento apenas pelo próprio Japão.

Entre as opções para um acordo transpacífico alternativo, a Austrália indicou a possibilidade de levar o TPP adiante sem os EUA ou de abrir a porta para a China, não incluída no pacto.

"Certamente existe potencial para que a China se una ao TPP", afirmou Turnbull, citando o compromisso com a globalização e o livre-comércio ressaltado pelo presidente da China, Xi Jiping, em recente discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

A China já tinha realizado esforços paralelos para aumentar sua presença comercial na região através da Parceria Econômica Regional Compreensiva (RCEP, na sigla) em inglês e da Área de Livre-Comércio Ásia-Pacífico (FTAAP). Agora, está diante do cenário ideal para ocupar o vazio deixado pela saída dos EUA do TPP.

O governo da China não esclareceu qual será a postura adotada em relação ao TPP, mas um centro de estudos ligado ao Executivo sinalizou o interesse de Pequim em se unir ao pacto.

"Se ocorrerem novas negociações sobre o TPP, não acredito que haja nenhum obstáculo que impeça a adesão da China", disse hoje Teng Jianqun, diretor de Assuntos Americanos do Instituto de Estudos Internacionais da China (CIIS), que pertence ao Ministério das Relações Exteriores.

Para o Japão, no entanto, convidar a China para o TPP representaria um elevado risco estratégico devido ao peso do rival e poderia significar uma reformulação das regras comerciais do pacto seguindo os interesses de Pequim. Por isso, especialistas japoneses acreditam que o país irá concentrar energias em negociar um acordo bilateral com os EUA como alternativa.

Entre os demais signatários, Nova Zelândia, Cingapura, Chile, México e Peru se mostraram dispostos a dar uma nova forma ao TPP. Outros, como a Malásia e o Vietnã, já buscam alternativas, como aprofundar as relações econômicas por meio da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

O ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, disse que iniciou contatos com outros parceiros do TPP visando a reunião que será realizada em março em Viña del Mar para analisar a situação do acordo após a decisão de Trump.

O TPP só entrará em vigor se for ratificado por países que representem pelo menos 85% da economia do bloco. Sozinhos, os EUA representam 60% do PIB somado dos 12 aliados signatários.

O acordo foi assinado no início de 2016 depois de mais de seis anos de negociações por Austrália, Brunei, Canadá, Chile, EUA, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã, economias que representam 40% do PIB mundial.