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Em sua primeira semana, Trump se foca em cumprir promessas de campanha

Carlos Barria/Reuters
Imagem: Carlos Barria/Reuters

Miriam Burgués

28/01/2017 13h42

Washington, 28 jan (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se focou em sua primeira semana no cargo a cumprir promessas de sua campanha eleitoral, inclusive algumas das mais controvertidas, com o que enterrou as esperanças de que suavizaria sua agenda nacionalista e populista ao chegar à Casa Branca.

Sua mensagem que é momento de deixar de falar e passar à "ação", pronunciada em seu discurso de posse no dia 20 de janeiro e várias vezes mais nestes últimos dias, estava clara para alguns há muito tempo.

"Trump nunca tomou uma posição na qual não acredita", declarou esta semana ao jornal "The Washington Post" um ex-assessor seu, Sam Nunberg, ao sustentar que agora se evidenciou que estavam equivocados todos os que pensavam que "não seria um presidente orientado a resultados no programa com que concorreu, que ele desenhou".

Sarah Huckabee Sanders, principal adjunta ao porta-voz da Casa Branca, disse ao mesmo jornal que Trump "formulou um plano para ganhar a presidência, ganhou, e agora está implementando as políticas pelas quais fez campanha", porque "não é alguém que se senta e espera que as coisas aconteçam".

Ordens imediatas

Nenhum presidente da história moderna dos EUA começou seu mandato com essa quantidade de iniciativas sobre tantos diversos temas apresentadas em um prazo tão curto.

No próprio 20 de janeiro, dia de sua posse, Trump assinou uma ordem para começar a desmantelar a reforma da saúde de seu antecessor, o ex-presidente Barack Obama.

Mas a agenda frenética de emissão de ordens executivas e memorandos começou verdadeiramente na segunda-feira, o primeiro dia trabalho de Trump na Casa Branca.

Nesse dia o presidente ordenou retirar os EUA do Tratado Transpacífico (TPP), sobre o qual advertiu durante sua campanha que seria "um desastre potencial" para o país e peça-chave do legado comercial e na região Ásia-Pacífico de Obama.

Além disso, assinou outra ordem que proíbe o uso de fundos do governo para subvencionar grupos que pratiquem ou assessorem sobre o aborto no exterior, uma política republicana que data dos anos 1980 e que Obama tinha cancelado, e uma terceira que congela as contratações de funcionários do governo federal, excetuando as das forças armadas.

No dia seguinte, na terça-feira, Trump deu uma boa notícia à indústria petrolífera e uma ruim aos grupos ambientalistas do país ao possibilitar a construção de dois grandes projetos de oleoduto que Obama tinha paralisado devido a seu previsto impacto no meio ambiente.

Muro 

Mas as medidas mais polêmicas estavam ainda por chegar e se materializaram em parte na quarta-feira com uma ordem para iniciar em questão de "meses" a construção de um muro na fronteira com o México, uma das principais promessas eleitorais de Trump.

Além do muro, Trump mandou criar mais centros de detenção para imigrantes ilegais, ampliar o número de agentes de controle fronteiriço e cortar fundos federais para as chamadas "cidades santuário" como Chicago, Nova York e Los Angeles, que protegem os imigrantes em situação irregular da deportação.

O tema da construção do muro e a insistência de Trump em que será o México, de uma forma ou outra, que pagará seu custo gerou inclusive uma crise com o país vizinho, cujo presidente, Enrique Peña Nieto, já não visitará a Casa Branca na próxima semana, como estava previsto.

Trump e Peña Nieto falaram nesta sexta-feira durante uma hora para tentar diminuir as tensões, mas ambos reconheceram suas "claras" diferenças sobre o pagamento do muro, um assunto que concordaram em não voltar a tratar em público, pelo menos por enquanto.

Também nesta sexta-feira Trump assinou no Pentágono suas últimas ordens executivas até o momento, dentro de sua promessa de campanha de proibir a entrada de muçulmanos nos EUA como parte de sua estratégia antiterrorista e de defesa.

A partir de agora, ficam suspensas todas as amparadas de refugiados durante 120 dias para examinar os mecanismos de aceitação e assegurar-se que radicais não pisem em território americano.

Além disso, a admissão de refugiados sírios está paralisada indefinidamente e foi suspensa durante 90 dias a concessão de vistos a cidadãos de uma lista de sete países de maioria muçulmana com histórico de terrorismo - Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Iêmen e Irã.

E isto só é o começo, porque Trump é um presidente "com grande energia e de alto impacto", a quem "Washington segue se ajustando", de acordo com um tweet de uma de suas conselheiras na Casa Branca, Kellyanne Conway.