Donald Trump, um presidente obcecado com a própria imagem
Lucía Leal.
Washington, 29 jan (EFE).- Em sua primeira semana no poder, Donald Trump deu sinais de ser um presidente obcecado com sua própria imagem, preocupado pela magnitude das multidões que lhe aclamam e convencido de que os veículos de comunicação conspiram para minimizar as conquistas que tanto se esforçou para conseguir.
Desde sua insistência em que sua posse foi a mais vista "da história" a seus elogios a seu próprio discurso na CIA, passando por sua promessa de uma investigação sobre a suposta fraude nas eleições que ganhou, Trump dedicou muitos esforços desde que chegou ao poder a corrigir qualquer percepção negativa sobre sua figura.
"Trump está obcecado com sua popularidade, inclusive quando seu poder não está em jogo, porque deseja ser visto como o melhor em todos os aspectos", disse à Agência Efe Bruce Miroff, especialista em política e história presidencial da Universidade de Albany (Nova York).
Segundo Miroff, todos os presidentes americanos da história moderna "empregaram estratégias midiáticas e pesquisadoras para potencializar seu índice de aprovação, porque acreditam que um presidente popular é um presidente poderoso".
"Mas com um punhado de exceções, como a de Lyndon Johnson, os presidentes avaliaram a popularidade como um instrumento, ao invés de obcecar-se com ela como algo relacionado com seu ego e sua vaidade", ressaltou o especialista.
Um dia após assumir o poder no último dia 20, Trump incumbiu seu porta-voz, Sean Spicer, de acusar a imprensa de mentir sobre a quantidade de gente que assistiu à posse, apesar do que mostravam as fotos e estimativas dos analistas, o que levou a nova Casa Branca a assegurar que defendiam "fatos alternativos".
Nesse mesmo dia, Trump ligou para o diretor interino do Serviço Nacional de Parques, Michael T. Reynolds, e lhe pediu para divulgar mais fotografias da multidão do dia anterior na esplanada central de Washington, segundo os jornais "Washington Post" e "New York Times".
A esperança de Trump era que fotografias feitas de outro ângulo acabassem com as comparações que tinham sido divulgadas nas redes sociais da foto aérea do centro de Washington em sua posse e na da posse de Barack Obama em 2009.
"A multidão era massiva", insistiu Trump nesta quarta-feira em entrevista à emissora "ABC News".
Nessa mesma entrevista, elogiou seu discurso do fim de semana passado na sede da CIA, e garantiu que recebeu "a maior ovação desde que (o jogador de futebol americano) Peyton Manning venceu o Superbowl".
Muitos analistas atribuem também as denúncias de Trump sobre uma suposta fraude eleitoral a suas dificuldades para aceitar que sua rival, a democrata Hillary Clinton, tenha lhe vencido no voto popular, embora não no sistema de delegados que garante as chaves da Casa Branca.
Trump, que chegou ao poder com o índice de aprovação mais baixo para um novo presidente em pelo menos 60 anos - 45 % segundo uma pesquisa da empresa de consultoria Gallup -, demonstrou que está nervoso com a cobertura midiática de suas ações.
Segundo seu entorno, Trump tem a sensação de que os veículos de comunicação não estão retratando adequadamente a magnitude de suas conquistas e que isso está afetando a percepção do público a respeito.
"A forma de contar as coisas (da imprensa) sempre é negativa. E isso é algo que desmoraliza", disse Spicer, o porta-voz de Trump, em entrevista coletiva esta semana.
Para Julian Zelizer, um historiador e professor de Política na Universidade de Princeton, a tendência de Trump a "dizer falsidades para respaldar sua popularidade" pode ser problemática, porque "gera confusão entre o eleitorado sobre o que é ou não é real".
"Também pode estimulá-lo a dar passos que não são bons para o país, com a esperança que aumente sua popularidade", afirmou Zelizer à Efe.
Miroff, por sua parte, opinou que a vontade de Trump de "crer no que seja que o faça ficar bem, inclusive se todas as provas apontam o contrário, sugere uma tendência preocupante a delirar quando alguém questiona a imagem que tem de si mesmo".
"Essa tendência pode ser perigosa quando se enfrente assuntos mais significativos que o tamanho de uma multidão ou uma fraude eleitoral não existente", advertiu Miroff.
Washington, 29 jan (EFE).- Em sua primeira semana no poder, Donald Trump deu sinais de ser um presidente obcecado com sua própria imagem, preocupado pela magnitude das multidões que lhe aclamam e convencido de que os veículos de comunicação conspiram para minimizar as conquistas que tanto se esforçou para conseguir.
Desde sua insistência em que sua posse foi a mais vista "da história" a seus elogios a seu próprio discurso na CIA, passando por sua promessa de uma investigação sobre a suposta fraude nas eleições que ganhou, Trump dedicou muitos esforços desde que chegou ao poder a corrigir qualquer percepção negativa sobre sua figura.
"Trump está obcecado com sua popularidade, inclusive quando seu poder não está em jogo, porque deseja ser visto como o melhor em todos os aspectos", disse à Agência Efe Bruce Miroff, especialista em política e história presidencial da Universidade de Albany (Nova York).
Segundo Miroff, todos os presidentes americanos da história moderna "empregaram estratégias midiáticas e pesquisadoras para potencializar seu índice de aprovação, porque acreditam que um presidente popular é um presidente poderoso".
"Mas com um punhado de exceções, como a de Lyndon Johnson, os presidentes avaliaram a popularidade como um instrumento, ao invés de obcecar-se com ela como algo relacionado com seu ego e sua vaidade", ressaltou o especialista.
Um dia após assumir o poder no último dia 20, Trump incumbiu seu porta-voz, Sean Spicer, de acusar a imprensa de mentir sobre a quantidade de gente que assistiu à posse, apesar do que mostravam as fotos e estimativas dos analistas, o que levou a nova Casa Branca a assegurar que defendiam "fatos alternativos".
Nesse mesmo dia, Trump ligou para o diretor interino do Serviço Nacional de Parques, Michael T. Reynolds, e lhe pediu para divulgar mais fotografias da multidão do dia anterior na esplanada central de Washington, segundo os jornais "Washington Post" e "New York Times".
A esperança de Trump era que fotografias feitas de outro ângulo acabassem com as comparações que tinham sido divulgadas nas redes sociais da foto aérea do centro de Washington em sua posse e na da posse de Barack Obama em 2009.
"A multidão era massiva", insistiu Trump nesta quarta-feira em entrevista à emissora "ABC News".
Nessa mesma entrevista, elogiou seu discurso do fim de semana passado na sede da CIA, e garantiu que recebeu "a maior ovação desde que (o jogador de futebol americano) Peyton Manning venceu o Superbowl".
Muitos analistas atribuem também as denúncias de Trump sobre uma suposta fraude eleitoral a suas dificuldades para aceitar que sua rival, a democrata Hillary Clinton, tenha lhe vencido no voto popular, embora não no sistema de delegados que garante as chaves da Casa Branca.
Trump, que chegou ao poder com o índice de aprovação mais baixo para um novo presidente em pelo menos 60 anos - 45 % segundo uma pesquisa da empresa de consultoria Gallup -, demonstrou que está nervoso com a cobertura midiática de suas ações.
Segundo seu entorno, Trump tem a sensação de que os veículos de comunicação não estão retratando adequadamente a magnitude de suas conquistas e que isso está afetando a percepção do público a respeito.
"A forma de contar as coisas (da imprensa) sempre é negativa. E isso é algo que desmoraliza", disse Spicer, o porta-voz de Trump, em entrevista coletiva esta semana.
Para Julian Zelizer, um historiador e professor de Política na Universidade de Princeton, a tendência de Trump a "dizer falsidades para respaldar sua popularidade" pode ser problemática, porque "gera confusão entre o eleitorado sobre o que é ou não é real".
"Também pode estimulá-lo a dar passos que não são bons para o país, com a esperança que aumente sua popularidade", afirmou Zelizer à Efe.
Miroff, por sua parte, opinou que a vontade de Trump de "crer no que seja que o faça ficar bem, inclusive se todas as provas apontam o contrário, sugere uma tendência preocupante a delirar quando alguém questiona a imagem que tem de si mesmo".
"Essa tendência pode ser perigosa quando se enfrente assuntos mais significativos que o tamanho de uma multidão ou uma fraude eleitoral não existente", advertiu Miroff.
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