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Eike Batista é detido pela PF ao chegar ao aeroporto do Rio de Janeiro

30/01/2017 11h35

Rio de Janeiro, 30 jan (EFE).- O magnata Eike Batista, cuja prisão foi ordenada por seu envolvimento em um caso de corrupção, chegou nesta segunda-feira ao Rio de Janeiro, foi levado pela Polícia Federal (PF) para fazer exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e transferido para o presídio Ary Franco, na zona norte da cidade, após desembarcar de um voo comercial procedente de Nova York.

Eike Batista foi declarado foragido na última quinta-feira e anunciou ontem no aeroporto de Nova York que retornaria ao Brasil para colaborar com as investigações, por isso a PF já o aguardava no aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

O empresário é acusado de pagar propinas de aproximadamente US$ 16,5 milhões ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral para a concessão de contratos públicos e foi detido imediatamente após descer do avião por agentes da Polícia Federal.

O milionário, cujo voo aterrissou no Rio de Janeiro por volta das 9h50 de Brasília, foi conduzido inicialmente ao IML para os exames de rotina antes de ser transferido para o presídio Ary Franco, no bairro de Água Santa,a na zona norte da cidade.

Sua detenção foi determinada pelo juiz da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, na operação Eficiência, um desdobramento da Lava Jato.

"Estou voltando para responder à Justiça, como é meu dever. Chegou o momento de passar as coisas a limpo. Estou retornando, porque sinceramente vou mostrar como é que são as coisas, simples assim", afirmou o empresário em declarações aos jornalistas antes de embarcar em Nova York.

O empresário, que tem passaporte alemão, negou que estivesse planejando fugir para a Alemanha, de onde dificilmente seria extraditado por conta de sua dupla nacionalidade.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Eike Batista usou um contrato "fictício" para pagar propina, no qual simulou a compra de uma mina de ouro de um laranja de Cabral, que está na prisão desde novembro.

O procurador Leonardo Freitas, responsável pelo caso, acusou Cabral de criar "uma organização criminosa" em 2002, quando ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro, que se expandiu a partir de 2007, quando foi eleito governador, cargo que ocupou até 2014.

De acordo com o MPF, o ex-governador ocultava em contas no exterior cerca de US$ 100 milhões, aparentemente procedentes de propinas pagas por empresários para a concessão de contratos.

Eike Batista, de 60 anos, chegou a ser considerado há alguns anos pela revista "Forbes" como o oitavo homem mais rico do mundo, e acumulou até 2010 uma fortuna calculada em aproximadamente US$ 30 bilhões, mas caiu em desgraça nos últimos anos após entrar em arriscados negócios e se viu obrigado a vender a maioria de suas empresas e a declarar falência em outras.

Filho de Eliezer Batista, ex-ministro de Energia e ex-presidente da antiga estatal Vale do Rio Doce, privatizada em 1998, o empresário costumava ostentar sua riqueza.

No ano passado, Eike rompeu um prolongado silêncio para colaborar com a Justiça nas investigações da operação Lava Jato, que apura os desvios na Petrobras, o maior escândalo de corrupção da história do país.

Eike Batista admitiu que realizou "doações" sem declarar a campanhas políticas com recursos procedentes de comissões ilegais pela concessão de contratos com empresas públicas.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, as "doações" de Eike Batista beneficiaram 13 partidos e chegaram a R$ 12,6 milhões.