Auge do populismo faz democracias sólidas perderem liberdade, diz relatório
Washington, 31 jan (EFE).- As democracias consolidadas do mundo sofreram em 2016 um retrocesso no quesito liberdade devido ao auge do populismo e do nacionalismo, revelou o relatório anual da organização independente Freedom House publicado nesta terça-feira.
Em anos anteriores, o declive da liberdade se concentrou, principalmente, nas autocracias e ditaduras, que passaram "de mal a pior", mas em 2016 foram as democracias sólidas as que registraram as perdas mais significativas. Dos 195 países avaliados pela Freedom House, 87 (45%) foram classificados como "livres", 59 (30%) como "parcialmente livres" e 49 (25%) como "não livres".
Os países "livres" representaram a maior proporção do total de nações com perdas de liberdade da última década e um quarto dos que viram diminuir sua liberdade estão na Europa. Com a ascensão dos partidos nacionalistas e populistas no Reino Unido, na Alemanha, na França e em outras democracias em 2016, "a resultante ruptura da divisão tradicional esquerda-direita pôs em dúvida a sobrevivência dos governos estáveis e a oposição forte".
As grandes democracias "ficaram presas" na "ansiedade e na indecisão" após uma série de "eventos desestabilizadores", que a organização apresenta hoje em sua sede em Washington. Entre esses eventos, destaca-se a chegada de Donald Trump à Casa Branca, uma "figura volátil" com "pontos de vista não convencionais" em política externa e outros assuntos, o que desperta "dúvidas sobre o papel futuro do país no mundo".
Além disso, o voto do Reino Unido para sair da União Europeia; o "colapso" do governo italiano após o fracasso do referendo da reforma constitucional; uma série de "movimentos antidemocráticos" do novo governo polonês e o terreno ganho por "partidos nacionalistas xenófobos em outros lugares da Europa". Todos estes fatos "põem em dúvida a força das alianças que deram forma às instituições da democracia global".
"À luz dos eventos do ano passado, já não se pode falar com confiança sobre a durabilidade em longo prazo da União Europeia, ou da incorporação da democracia e os direitos humanos como prioridades na política externa americana", afirma o relatório.
Também não é possível dizer com segurança "da resiliência das instituições democráticas na Europa Central, no Brasil e na África do Sul" ou "inclusive da expectativa que ações como o ataque à minoria rohingya em Mianmar e o bombardeio indiscriminado no Iêmen sejam criticados por governos democráticos e órgãos de direitos humanos das Nações Unidas".
"Nenhuma dessas suposições, parece, é completamente segura", aponta o relatório.
Ao mesmo tempo, em 2016 a Rússia "desdobrou arrogância e hostilidade assombrosas" ao "interferir" nos processos políticos dos Estados Unidos e outras democracias, aumentar seu apoio militar à "ditadura" de Bashar al Assad e "solidificar sua ocupação ilegal no território da Ucrânia". A China também "pulou" a lei internacional, enquanto "líderes sem escrúpulos" de Sudão do Sul, Etiópia, Tailândia e Filipinas "cometeram violações de direitos humanos de diferentes níveis com impunidade". EFE
cg/cdr
Em anos anteriores, o declive da liberdade se concentrou, principalmente, nas autocracias e ditaduras, que passaram "de mal a pior", mas em 2016 foram as democracias sólidas as que registraram as perdas mais significativas. Dos 195 países avaliados pela Freedom House, 87 (45%) foram classificados como "livres", 59 (30%) como "parcialmente livres" e 49 (25%) como "não livres".
Os países "livres" representaram a maior proporção do total de nações com perdas de liberdade da última década e um quarto dos que viram diminuir sua liberdade estão na Europa. Com a ascensão dos partidos nacionalistas e populistas no Reino Unido, na Alemanha, na França e em outras democracias em 2016, "a resultante ruptura da divisão tradicional esquerda-direita pôs em dúvida a sobrevivência dos governos estáveis e a oposição forte".
As grandes democracias "ficaram presas" na "ansiedade e na indecisão" após uma série de "eventos desestabilizadores", que a organização apresenta hoje em sua sede em Washington. Entre esses eventos, destaca-se a chegada de Donald Trump à Casa Branca, uma "figura volátil" com "pontos de vista não convencionais" em política externa e outros assuntos, o que desperta "dúvidas sobre o papel futuro do país no mundo".
Além disso, o voto do Reino Unido para sair da União Europeia; o "colapso" do governo italiano após o fracasso do referendo da reforma constitucional; uma série de "movimentos antidemocráticos" do novo governo polonês e o terreno ganho por "partidos nacionalistas xenófobos em outros lugares da Europa". Todos estes fatos "põem em dúvida a força das alianças que deram forma às instituições da democracia global".
"À luz dos eventos do ano passado, já não se pode falar com confiança sobre a durabilidade em longo prazo da União Europeia, ou da incorporação da democracia e os direitos humanos como prioridades na política externa americana", afirma o relatório.
Também não é possível dizer com segurança "da resiliência das instituições democráticas na Europa Central, no Brasil e na África do Sul" ou "inclusive da expectativa que ações como o ataque à minoria rohingya em Mianmar e o bombardeio indiscriminado no Iêmen sejam criticados por governos democráticos e órgãos de direitos humanos das Nações Unidas".
"Nenhuma dessas suposições, parece, é completamente segura", aponta o relatório.
Ao mesmo tempo, em 2016 a Rússia "desdobrou arrogância e hostilidade assombrosas" ao "interferir" nos processos políticos dos Estados Unidos e outras democracias, aumentar seu apoio militar à "ditadura" de Bashar al Assad e "solidificar sua ocupação ilegal no território da Ucrânia". A China também "pulou" a lei internacional, enquanto "líderes sem escrúpulos" de Sudão do Sul, Etiópia, Tailândia e Filipinas "cometeram violações de direitos humanos de diferentes níveis com impunidade". EFE
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