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Investigadores do "caso Fillon" buscam documentos na Assembleia Nacional

31/01/2017 11h29

Paris, 31 jan (EFE).- Os agentes responsáveis por investigar se a mulher do ex-primeiro-ministro da França e atual candidato à presidência do país, François Fillon, teve um emprego fantasma quando o líder da direita era deputado foram até à Assembleia Nacional nesta terça-feira para buscar documentos que permitam esclarecer se ela trabalhou ou não no local.

A imprensa local informou que agentes do Escritório Central de Luta contra as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) estiveram na manhã de hoje na Assembleia Nacional. Ontem, Fillon e sua esposa, Penelope Fillon, prestaram depoimento sobre o caso.

Os investigadores buscam se há provas de que Penelope trabalhou como assistente parlamentar do marido e posteriormente para o deputado Marc Joulaud sem nunca ter pisado na Assembleia Nacional. Nos oito ano que esteve na função, a esposa do agora candidato à presidência recebeu 500 mil euros dos cofres públicos.

Os agentes pediram permissão ao presidente da Assembleia Nacional, o socialista Claude Bartolone, para realizar a ação, que tecnicamente não é uma operação de busca e apreensão.

O advogado de Fillon, Antonin Lévy, explicou à emissora "BFMTV" explicou que o trabalho de assistente parlamentar não é necessariamente algo "tangível" e que consiste em preparar notas e resumos para o deputado.

"Se trata de auxiliar o deputado, de preparar com ele os discursos e ajudá-lo a revisá-los. De repassar as inquietações dos contatos com os eleitores, examinar as muitas mensagens que o deputado recebe e transmitir as que são dirigidas a ele", disse.

Após a abertura de uma investigação preliminar pela Procuradoria Nacional Financeira na última quarta-feira, os agentes já interrogaram alguns dos principais protagonistas do caso. O casal Fillon já foi ouvido pelas autoridades. Outras pessoas que testemunharam foram o diretor e o proprietário da revista "La Revue des Deux Mondes", que contratou Penelope como colaboradora.

A esposa do candidato recebeu 5 mil euros mensais pelo contrato entre maio de 2012 e dezembro de 2013. O contrato também está sob suspeita de se tratar de um emprego fantasma.

Falta ouvir Joulard, que disse estar à disposição da Justiça.

O coordenador da campanha presidencial de Fillon, Bruno Retailleau, se disse convencido de que não haverá acusação e pediu que a investigação seja feita rapidamente, levando em consideração a proximidade das eleições. O primeiro turno está marcado para o dia 23 de abril e o segundo para 7 de maio.

Em entrevista à "BFMTV", Retailleau reiterou a ideia de que o escândalo tem origem política. "Por trás dos jornalistas do 'Le Canard Enchaîne (que publicaram a denúncia) há outras fontes", afirmou o coordenador, sem identificar os adversários.

Fillon disse que não tem intenção de se retirar da corrida presidencial pelo Palácio do Eliseu. O candidato conservador, líder das pesquisas até o momento, afirmou que só abandonará a candidatura se for formalmente acusado no caso.