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George W. Bush lamenta auge do "racismo" nos EUA sob mandato de Trump

28/02/2017 18h09

Washington, 28 fev (EFE).- O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush (2001-2009) lamentou em entrevista o que considera o auge do "racismo" em seu país sob o mandato de Donald Trump, embora tenha evitado criticar diretamente as políticas do atual líder e se mostrado "otimista" quanto a resolução dessas tensões.

"Não gosto do racismo, não gosto dos insultos, e não gosto que as pessoas se sintam marginalizadas. Ninguém gosta disso", disse Bush em entrevista à revista "People", que teve notável repercussão nesta terça-feira nos EUA.

O republicano opinou que o clima político em Washington é "bastante feio", mas se mostrou "otimista sobre como acabarão as coisas".

"Já passamos antes por estes períodos e sempre encontramos uma forma de sair disso. Sou mais otimista que alguns", contou Bush.

"Sempre ocorre o mesmo: as pessoas fazem campanha e depois o trabalho é diferente quando chegam ao cargo. E o trabalho acaba imprimindo realidade à situação de cada presidente, e isso é o que vai acontecer", acrescentou.

Bush, que deixou o poder em 2009 com um índice de aprovação muito baixo, se manteve longe dos holofotes desde então e evitou criticar seu sucessor na Casa Branca, o democrata Barack Obama.

"Não sentia a necessidade de me pronunciar sobre nada porque não queria complicar seu trabalho, e também não vou fazê-lo agora (com Trump). No entanto, no George Bush Center, sim, estamos nos pronunciando", explicou o ex-presidente.

Esse centro que Bush dirige ao lado de sua esposa, Laura, inclui entre seus trabalhos algumas tarefas que contrastam com a filosofia isolacionista de Trump, como cerimônias de naturalização de imigrantes e oficinas de formação em liderança para mulheres muçulmanas que chegam à instituição vindas o Oriente Médio.

Perguntado sobre se a vontade de Trump de restringir a imigração proveniente de certos países de maioria muçulmana complicará alguns dos programas de seu centro, Bush respondeu que "pode ser", mas assegurou que encontrará uma maneira de "trazer" essas mulheres ao país.

Na entrevista, Bush revelou que Trump não o contatou até agora para pedir conselhos e que Obama também não recorreu tanto a ele quando chegou ao poder.

"Não é algo que me incomode. Entendo a natureza do trabalho. Há muitas coisas para se ocupar quando se é o presidente e é preciso se concentrar no trabalho", disse.

Em outra entrevista exibida nesta segunda-feira pela rede de TV "NBC", Bush defendeu "uma política migratória de amparo e respeito à lei", mas evitou criticar diretamente o polêmico decreto migratório de Trump, que foi bloqueado por um juiz e que será substituído em breve por uma nova medida.